Todos os casos de suicídios que estudei apresentam padrões similares, que também aparecem em outros casos envolvendo mortes violentas ou que não são naturais. Porém, há um elemento distintivo em relação aos casos de suicídio: eles costumam estar acompanhados de unmada yogas, configurações de insanidade/desequilíbrio psicológico. Essas configurações podem ser Chandra (Lua) severamente aflita, krūra-grahas (maléficos) em koṇas (5-9), aflições a cinco e seu regente, etc.
A viṁśottarī daśā em que ele cometeu o suicídio foi justamente a de Marte/Marte, o qual está na oito a partir da Lua e a doze do ascendente, sendo o senhor da cinco (discernimento). Na kālachakra, a daśā vigente era escorpião, que conta com a configuração de Lua-Saturno-Ketu, justamente.
Se
isso parece impressionante, saiba que absolutamente qualquer movimento físico,
mental ou intelectual está sob a jurisdição dos guṇas (modos da natureza), ou seja, de rajas (paixão), sattva
(bondade) e tamas (ignorância), os
quais se alternam continuamente, criando, preservando e destruindo todas as
coisas, afinal, este não é um plano de permanência, mas sim de instabilidade
constante.
Como
diz Śrī Kṛṣṇa na Gītā (13.30):
prakṛtyaiva ca karmāṇi
kriyamāṇāni sarvaśaḥ
yaḥ paśyati tathātmānam
akartāraṁ sa paśyati
“Aquele
que pode perceber como todas as atividades realizadas pelo corpo são criadas
pelos guṇas (modos da natureza), sabendo bem que a ātmā (alma) nada faz,
enxerga as coisas como elas realmente são”.
Em
outras palavras, tudo que ocorre na realidade material, seja a nível físico ou
sútil (plano mental, intelectual ou egoico) é controlado pela ação dos guṇas. Apenas a ātmā (alma) está livre do contato com os guṇas, mas sendo transcendental, ela nada faz em relação a
realidade material, senão que vive a parte, embora aparentemente enredada.
O
que gera a percepção de enredamento da ātmā
é o ahaṅkāra, o egoísmo
material/equívoco, que distorce a nossa percepção e nos faz pensar sermos os
autores de todas as nossas ações. Com isso, acabamos envolvidos pelo drama da
realidade material, assim como alguém que assiste um filme e sente todas as
emoções que esse transmite, envolvendo-se completamente. O ahaṅkāra é, justamente o elemento que eclipsa a percepção da ātmā, enquanto consciência impassível. Por
isso, na Gītā, Śrī Kṛṣṇa se refere aos seres condicionados pela matéria como ahaṅkāra-vimūḍhātmā (3.27), ou seja, "confusos pelo egoísmo material ou equívoco".
prakṛteḥ kriyamāṇāni
guṇaiḥ karmāṇi sarvaśaḥ
ahaṅkāra-vimūḍhātmā
kartāham iti manyate
“A alma, confusa pela influência do ahaṅkāra, pensa ser o autor das atividades que, na
realidade, são conduzidas pelos três guṇas da natureza material”.
oṁ
tat sat
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