sábado, 29 de abril de 2023

Análise afetiva - exemplo de como o estudo de um tema é conduzido

Para determinar em um mapa quais frutos uma pessoa colherá em um dado assunto, nós precisamos estudar vários elementos, comparar perspectivas etc. A minha abordagem em relação a isso envolve usar tanto da perspectiva do método parāśari quanto jaimini, assim como elementos de Bhṛgu nandi nāḍī. Neste artigo, no entanto, eu vou me deter a apresentar uma análise a partir das perspectivas parāśari jaimini.

Partindo de parāśari, nós devemos estudar os seguintes elementos:

1.      A sete e seu regente – a partir do lagna, de Lua e Vênus.

2.      O navāṁśa situado na cúspide (bhāva-madhya) da sete e o regente desse navāṁśa.

3.      Vênus, os seus dispositores (rāśi e navāṁśa) e os grahas situados em 2-4-5-7-9-10-12 dele.

4.      O lagna, por ele ser a sete da sete.

Jaimini já acrescenta a análise dos seguintes pontos:

1.      A sete a partir de lagnas como svāṁśa-lagna e yogada-lagna.

2.      Darākāraka.

3.      Upapāda-lagna.

Agora, vou exemplificar esse tipo de análise combinada no mapa da Elizabeth Taylor, a qual viveu oito casamentos ao longo de sua vida, fora romances passageiros.


 

segunda-feira, 17 de abril de 2023

A vida espiritual existe à parte do mapa astrológico?

Um tema que gera muitas dúvidas é este: a vida espiritual existe à parte do mapa, ou é algo que também estudamos por meio do mapa? Bem, a resposta para isso, na minha humilde opinião, pode ser encontrada se seguimos três passos: (1) uma investigação filosófica sobre tattvas (verdades) fundamentais, tomando por referência os śrutis e smṛtis (os textos védicos); (2) a busca por referências sobre vida espiritual nos textos clássicos de jyotiṣa; (3) a observação direta dos mapas de sādhakas (praticantes espirituais) e siddhas (santos, as almas autorrealizadas).

Em relação ao primeiro passo da nossa investigação, é notável que o kāla/daiva (tempo/destino) é referido no Bhagavata-purāṇa[1], o comentário natural ao Vedānta-sūtra, como imutável. Isso é consubstanciado por várias passagens do Rāmāyaṇa, Mahābhārata, Bhagavad-gītā e das Upaniṣads. Na Gītā, por exemplo, os versos 5.8-9, 5.14, 13.20, 13.30, 13.32 etc., são alguns exemplos onde se esclarece que todas as ações realizadas dentro da realidade material são produto de prakṛti/traiguṇya (a natureza fenomênica/os três guṇas), e não do ser vivo (jīva). Há também versos como 2.14 que esclarecem como a experiência da dualidade dentro dessa realidade é inevitável e deve ser tolerada, ou seja, não há como controlarmos o destino ao nosso bel-prazer. Ao invés de estimular o controle sobre a natureza, o vedānta nos ensina a importância de se cultivar o desprendimento e a equanimidade (frutos naturais do sacrifício espiritual) como um meio de não se deixar afetar pelas dualidades (alegrias e tristezas, honra e desonra etc.) do mundo, visto que essas não têm relação alguma com a alma nem a afetam. Ou seja, a mensagem do vedānta é sobre curvar-se perante a realidade, ao invés de chocar-se com ela. Dada a natureza transcendental da alma, não há porque se deixar abalar pelas experiências transitórias e naturais deste mundo.

Em vista dessas afirmações todas dos śāstras, fica evidente que qualquer movimento realizado dentro do mundo material é oriundo da ação dos guṇas, logo, ele precisa se expressar dentro de suas leis. 
Por exemplo, se eu me dedico a realizar uma peregrinação, um ato espiritual, para isso eu preciso usar o meu corpo, a minha mente etc., logo, essas ações todas também precisam estar representadas nos símbolos astrológicos, os quais abordam justamente os guṇas/prakṛti que envolvem tanto os aspectos materiais densos (o corpo) quanto sutis (a mente, o intelecto e o falso-ego/ahaṅkāra). Essa mesma lógica se aplica a qualquer outro tipo de ação voltada para o âmbito espiritual.