Os
primeiros livros de astrologia de que temos notícia não diferenciam signos de casas. Seja na tradição helenística ou indiana, a ideia é a
mesma: uma vez determinado o signo ascendente, o segundo signo tratará dos
temas de dois, o terceiro dos temas de três, e assim por diante. Não importa se
o ascendente está a 29º de um signo, todo o signo representará os temas do
ascendente, enquanto a mesma ideia se aplica aos demais signos.
Esse sistema, denominado “signos inteiros” ou whole-sign houses (WSH) era o padrão vigente até o século IX. Não que os astrólogos do passado não sabiam ou não usavam os sistemas de casas iguais (bhāva-chakra) ou de quadrantes (bhāva-chalita), na verdade eles já tinham conhecimento desses sistemas, mas não parece que nessa época os tópicos eram atribuídos as casas calculadas matematicamente com base nas divisões terrestres. Os tópicos pertenciam aos signos, ao passo que os sistemas de casas, especialmente o de casas iguais, mostraria o quão eficiente um graha seria em manifestar os temas indicados pelo signo que ele ocupava, conforme sua distância da cúspide da casa. Além disso, há exemplos de alguns usos bem específicos dos sistemas de quadrantes na tradição helenística, o que limitaria sua aplicação apenas para contextos bem definidos, ou seja, eles não seriam usados para determinar tópicos.
Um exemplo pode tornar as coisas mais claras: suponhamos que alguém possua Maṅgala (Marte) em leão e o seu signo ascendente seja virgem. No caso, Maṅgala ocupa o décimo-segundo signo a partir de virgem, o ascendente, logo ele trata dos temas de doze. Mas se em um sistema de casas como o bhāva-chakra ou o bhāva-chalita esse Maṅgala desliza para a casa seguinte ou anterior, ele continuará a falar sobre os temas de doze, mas com uma capacidade de impacto sobre tais temas já reduzida. Alguns diriam que Maṅgala, nesse caso, falaria sobre ambos os temas, os da décima-segunda e também da outra casa ocupada por quadrante (bhāva-chalita) ou divisões iguais (bhāva-chakra). Mas, eu particularmente cheguei à conclusão de que, embora isso tenha sua lógica, acaba que torna as coisas mais complicadas e, por sinal, não sou só eu quem pensa isso, muitos outros astrólogos, dedicados ao jyotiṣa ou mesmo a astrologia helenística, em particular, optam por usar signos inteiros para determinar os tópicos a que um graha se refere.