Maṅgala
doṣa,
também chamado de Kuja doṣa foi uma
das primeiras coisas que li a respeito quando conheci o jyotiṣa. É dito que aqueles que possuem Maṅgala (Marte) em um,
dois, quatro, sete, oito ou doze a partir do lagna viverão um matrimônio infeliz, se divorciarão ou ficarão viúvos.
É fácil de entender o
porquê dessa afirmação, afinal, Maṅgala é um graha ígneo e dos maléficos, o mais cruel. Além disso, é dominador,
individualista e naturalmente inclinado a agressividade e a arrogância. Em
relacionamento algum essas características são apreciáveis, pois vão
completamente de encontro com as características de Śukra (Vênus), o kāraka do matrimônio, que é diplomático, pacífico e agradável.
Resta, no entanto,
saber qual seria a referência clássica para o Maṅgala doṣa, pois muitos acreditam que se trata de uma invenção moderna, o que não é verdade - exceto pelo fato de que a designação desse yoga enquanto um doṣa (uma desarmonia, tal qual nascer no penúltimo ou no último dia lunar, em eclipses, etc.) é fruto da liberdade tomada pelos astrólogos contemporâneos. Quem menciona o Maṅgala doṣa é Parāśara, o qual diz o seguinte (80.47-49,
BPHS):
"Uma mulher que
nasce com Maṅgala em doze, quatro, sete ou oito a partir do lagna, sem a
influência de um benéfico se tornará viúva.
Esse yoga se aplica
também aos homens. No entanto, se ambos, marido e mulher possuem o mesmo yoga,
seus efeitos cessarão".
Essa afirmação está no cp.
de strī jātaka, horóscopo feminino,
do horā śāstra, o qual é inteiro
dedicado a determinar as características femininas, pois
na tradição védica o casamento idealmente só deve ocorrer uma vez na vida e,
portanto, o homem deve saber escolher corretamente a mulher com quem irá se
casar e vice-versa.