sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

O que é necessário para uma consulta ser bem sucedida?

Para uma consulta ser bem sucedida, não basta o astrólogo ter muito conhecimento. Nīlakanta, por exemplo, em seu Praśna tantra menciona que quando indivíduos grosseiros, desprovidos de fé e que zombam dos śāstras (escrituras), fazem perguntas a um astrólogo, mesmo que o próprio Śiva responda suas perguntas, nada do que vier a ser dito se cumprirá. Apenas alguém dotado de fé em Deus, mas que se sente infeliz e desafortunado é uma pessoa apropriada para receber ajuda e predições precisas de um astrólogo. Inclusive, se alguém vai até um astrólogo de mãos abanando, mesmo que esse seja muito erudito, nada do que vier a prever se cumprirá.

Atitude cética, de desafio, exploração ou curiosidade casual são todas condenadas nos jyotiṣa-śāstras. Uma pessoa só deve se aproximar de um astrólogo para saber sobre o seu futuro se as suas questões forem sinceras e, especialmente, se for a respeito de algo que está lhe causando ansiedade. Além disso, ela deve oferecer algo ao astrólogo em troca de seus serviços. Nos clássicos se diz que frutas, flores, dinheiro e roupas são alguns dos itens que podem ser oferecidos a um astrólogo e eles devem ser feitos de acordo com a situação material da pessoa em questão, sempre com uma intenção apropriada. Ou seja, mesmo que uma pessoa seja muito abastada e dê grandes quantias a um astrólogo, se a sua intenção não for sincera, nada do que for dito se cumprirá, ao passo que uma pessoa humilde que oferece uma pequena quantia, mas com a intenção apropriada receberá predições assertivas.

Um tratado chamado Pañchatantra, inclusive, diz (5.96) que o sucesso de alguém com um mantra, local sagrado, com um brāhmaṇa, uma divindade, doutor, guru e, inclusive com um astrólogo, depende da fé depositada nesses. Isso, obviamente, não é desculpa para os astrólogos não estudarem nem reverem seus métodos quando falham em uma interpretação - pois inclusive é a sua dedicação que infunde fé nas pessoas -, mas mostra como o sucesso das predições é fruto de uma interação muito mais ampla.

Já no que se refere as qualificações de um astrólogo, os śāstras basicamente dizem que devemos nos consultar apenas com alguém que tem um temperamento piedoso, mantém disciplina religiosa e que é versado no assunto. Um astrólogo que tem vícios, é mal comportado, mentiroso, dado a criticar e a usar palavras desagradáveis, que se mostra orgulhoso do pouco conhecimento que possui, é covarde, ganancioso, invejoso, que não segue disciplina espiritual alguma, é glutão, derrotado pelas pessoas em geral, tem uma aparência desagradável e que não mantém fidelidade a tradição deve ser rejeitado.

Além desses fatores envolvendo o consulente e o astrólogo, mesmo o momento para se consultar deve ser auspicioso, idealmente. Por exemplo, no Praśna mārga é dito que os momentos adequados são aqueles que não possuem doṣas (gaṇḍānta, amāvāsyā, kṛṣṇa chaturdaśī, grahaṇa, etc.), nos quais grahas benéficos estão ascendendo no céu, Sūrya (Sol) ainda está visível e que coincidem com śubha muhūrtas (momentos auspiciosos), ao passo que, dentre inúmeras situações, os momentos como Gulikodaya ou mesmo quando Chandra (Lua) transita uśna e viśa nakṣatras são impróprios.

Em suma, o sucesso com um astrólogo depende de muitos fatores, como o conhecimento, talento e experiência do mesmo, a intenção do consulente, a retribuição apropriada e também o próprio momento no qual a questão é posta. Em relação a esse último ponto, como ele depende de algum conhecimento prévio, a maior parte das pessoas não está apta a observar essas regras. Logo, devem dar ênfase àquilo que está ao seu alcance. Uma dica simples, inclusive, é consultar-se apenas durante as segundas, quartas, quintas e sextas, idealmente na quinzena do mês lunar onde a Lua ganha luz (śukla-pakṣa), no período diurno, quando o dia se mostra agradável e a mente o mais tranquila possível.

oṁ tat sat

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