O que
diferencia a Jyotisha de outros métodos astrológicos é sua ênfase em uma
análise baseada em Yoga e Dasha. O astrólogo versado no método hindu se vale da
análise dos diferentes Yogas presentes em um mapa e por meio dos Dashas vê
quando estes irão dar seus resultados. Esta análise sistemática torna muito
mais fácil não só interpretar um mapa como também dar o timming pra cada uma
das promessas deste.
Para
facilitar a determinação dos efeitos dos planetas em um mapa, os sábios
dividiram os Yogas em diferentes classificações como Raja (que conferem
eminência), Dhana (conferem riqueza), Arishta (conferem misérias), Parivrajya
(conferem asceticismo e renúncia) etc. Os planetas também são divididos entre
os regentes de Kendras (ângulos), Konas (5, 9), Upachayas (3, 6, 10, 11),
Dushtanas (6, 8 e 12) e Marakas (2, 7). Assim, conforme o período operante em
um dado mapa e conforme a classificação do planeta como regente de Kendra, Kona
etc e os Yogas que este forma com os demais planetas, podemos determinar que
tipo de efeitos este gerará e o que ao certo isto afetará de acordo com a casa
em questão.
Por
exemplo, o nativo do mapa ao lado é Jehan Alain, um compositor francês que
morreu aos 29 anos em guerra. Porém, o que o levou a morrer tão cedo? Isto os
Yogas esclarecem, assim como os Dashas operantes. Primeiro devemos saber qual a
longevidade do nativo, se ele dispõem de vida curta (Alpayur, até 40 anos),
média (Madhyayur, até 80 anos) ou longa (Purnayur, até 120 anos). Para isto, há
inúmeros métodos, porém vamos nos restringir a análise de Ayur Yogas (Yogas de
longevidade). Jehan possui o seguinte Yoga:
-O
regente da oito a partir da Lua na doze da mesma, este é um dos Yogas que
confere vida curta.
E além
deste Yoga há também as seguintes configurações em seu mapa:
-O
grande benéfico Júpiter em um Dushtana profundamente aflito por maléficos sendo
este dispositor do Lagnesh e da Lua (Subhapati).
-Saturno
(significador da longevidade) está debilitado numa Dushtana com Rahu.
-O
regente da oito em seu mapa é Mercúrio que está numa casa Maraka junto de Marte
regente do Lagna e também da sexta casa, o que desfavorece sua longevidade.
Os fatores
que prolongam um pouco mais sua vida são Lua na quinta e Vênus na quarta, mas a
aflição do maior de todos os benéficos, Júpiter é um fator bastante negativo,
visto ser o regente do Lagna e da Lua, além da presença de um Yoga gerador de vida curta em seu mapa (regente da 8 da
Lua na 12 da mesma).
Determinada
a longevidade, devemos então decidir qual dos planetas pode trazer a morte, e
neste caso deve haver relação com as casas Marakas (2, 7) a partir do Lagna ou
Lua. Para Jehan, Mercúrio, Marte, Júpiter, Vênus, Rahu, Ketu e Saturno podem atuar como Marakas. O último ponto a ser analisado é o Dasha que pode
trazer a morte. Jehan viveria até os 40 anos os Dashas de Saturno, Mercúrio e
Ketu. Todos estes possuem propriedades de Maraka, porém Mercúrio é mais
significativo por ocupar a dois que de acordo com Parashara é a pior dentre as
Marakas e ser também regente da oito (morte), que junto de Marte, regente do
Lagna, da terceira do Arudha (circunstâncias da morte)e também da sexta indicam
que o mesmo morreria em campo de batalha.
De fato, o
mesmo morreu no Dasha de Mercúrio e o Antardasha (sub-período) foi de Júpiter
que além de ser Marakesha é também o dispositor do Yoga formado por Mercúrio e
Marte, o que ativou o evento. Este Júpiter também encontra-se terrivelmente
aflito e um dos nomes atribuídos a Júpiter é Jeeva, ou seja aquele que porta a
vida.
É desta
forma que se analisa um mapa e a manifestação das promessas deste na Jyotisha.
Os Yogas constituem as diferentes promessas e os Dashas indicam o momento em
que seus resultados virão a tona (Karma Phala). Na realidade, toda astrologia
funciona assim, com análises de combinações e o momento de manifestação
destas, mas o diferencial da Jyotisha é a utilização de uma vasta classificação
dos Yogas que facilita muito a determinação dos efeitos, juntamente dos Dashas
que são variados e com uma aplicação extensiva e muito refinada.
Radhe Syam
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