No Vishnu Purana, Parasara Muni esclarece uma série de
tópicos a Maitreya, sendo ambos mestre e discípulo presentes também no Brihat
Parasara Hora Sastra. Abaixo segue um trecho do Shastra em que, após
delinear os vários infernos (Patalas) a que as almas (Jivas) vão, conforme seus
pecados, Parasara cita que embora as múltiplas atividades e ritos que os sábios
prescrevem sejam favoráveis para a expiação dos pecados, a adoração e lembrança
de Hari (Vishnu) é sem dúvida superior e promove o maior de todos os auspícios, tal como se confirma no Bhagavad Gita e no Srimad Bhagavatam, o comentário de Vyasadeva ao Vedanta Sutra.
'Os deuses no céu são vistos pelos habitantes do inferno, porque eles se movem
com suas cabeças invertidas; enquanto os deuses, quando eles lançam seus olhares
para baixo, veem os sofrimentos daqueles no inferno. As várias fases de existência,
Maitreya, são coisas inanimadas, peixes, pássaros, animais, homens, homens
santos, deuses, e espíritos livres; cada um em sucessão mil graus acima daquele
que o antecede; e por essas fases os seres que estão no céu ou no inferno estão
destinados a proceder, até que a emancipação final seja obtida. Vai para Naraka
aquele pecador que negligencia a expiação devida da culpa dele.
Pois, Maitreya, atos adequados de expiação foram ordenados pelos grandes
sábios para todo tipo de crime. Penitências árduas para grandes pecados, insignificantes
para ofensas menores, foram propostas por Swayambhuva e outros. Mas confiança
em Krishna é muito melhor que quaisquer atos expiatórios, tais como austeridade
religiosa, ou semelhantes. Que qualquer pessoa que se arrepende do pecado do
qual ela possa ser culpável recorra a esta que é a melhor de todas as
expiações: a recordação de Hari. Por dirigir seus pensamentos a Narayana ao
amanhecer, à noite, ao pôr-do-sol, e ao meio-dia, um homem será purificado
rapidamente de toda culpa. A pilha inteira de tristezas mundanas é dispersa por
meditar em Hari; e o seu adorador, considerando o gozo divino como um
impedimento à felicidade, obtém a emancipação final. Aquele cuja mente é
dedicada a Hari em oração silenciosa, oferendas de fogo, ou adoração, é
impaciente até mesmo da glória do rei dos deuses. De que serve a ascensão ao
ponto mais alto do céu, se é necessário voltar de lá para a terra? Quão
diferente é a meditação em Vasudeva, que é a semente da liberdade eterna. Por
isso, Muni, o homem que pensa em Vishnu, dia e noite, não vai para Naraka
depois da morte, pois todos os seus pecados são expiados.
Céu (ou Swarga) é aquilo que deleita a mente; inferno (ou Naraka) é
aquilo que lhe causa dor; por isso vício é chamado de inferno; virtude é
chamada de céu. A mesma coisa é aplicável à produção de prazer ou dor, de
malícia ou de raiva. De onde então isso pode ser considerado como
essencialmente igual a um ou outro? Aquilo que em um momento é uma fonte de
prazer, torna-se em outro a causa de sofrimento; e a mesma coisa pode em épocas
diferentes excitar ira, ou conciliar favor. Segue-se, então, que nada é em si
mesmo aprazível ou doloroso; e prazer e dor, e similares, são apenas definições
de vários estados da mente. Aquilo que só é verdade é sabedoria; mas sabedoria
pode ser a causa de prisão à existência; pois todo esse universo é sabedoria,
não há nada diferente disso; e por conseguinte, Maitreya, você deve concluir
que conhecimento e ignorância estão contidos na sabedoria.'
Radhe Syam
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluir