quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Vishnu Purana


          No Vishnu Purana, Parasara Muni esclarece uma série de tópicos a Maitreya, sendo ambos mestre e discípulo presentes também no Brihat Parasara Hora Sastra. Abaixo segue um trecho do Shastra em que, após delinear os vários infernos (Patalas) a que as almas (Jivas) vão, conforme seus pecados, Parasara cita que embora as múltiplas atividades e ritos que os sábios prescrevem sejam favoráveis para a expiação dos pecados, a adoração e lembrança de Hari (Vishnu) é sem dúvida superior e promove o maior de todos os auspícios, tal como se confirma no Bhagavad Gita e no Srimad Bhagavatam, o comentário de Vyasadeva ao Vedanta Sutra.


'Os deuses no céu são vistos pelos habitantes do inferno, porque eles se movem com suas cabeças invertidas; enquanto os deuses, quando eles lançam seus olhares para baixo, veem os sofrimentos daqueles no inferno. As várias fases de existência, Maitreya, são coisas inanimadas, peixes, pássaros, animais, homens, homens santos, deuses, e espíritos livres; cada um em sucessão mil graus acima daquele que o antecede; e por essas fases os seres que estão no céu ou no inferno estão destinados a proceder, até que a emancipação final seja obtida. Vai para Naraka aquele pecador que negligencia a expiação devida da culpa dele.

Pois, Maitreya, atos adequados de expiação foram ordenados pelos grandes sábios para todo tipo de crime. Penitências árduas para grandes pecados, insignificantes para ofensas menores, foram propostas por Swayambhuva e outros. Mas confiança em Krishna é muito melhor que quaisquer atos expiatórios, tais como austeridade religiosa, ou semelhantes. Que qualquer pessoa que se arrepende do pecado do qual ela possa ser culpável recorra a esta que é a melhor de todas as expiações: a recordação de Hari. Por dirigir seus pensamentos a Narayana ao amanhecer, à noite, ao pôr-do-sol, e ao meio-dia, um homem será purificado rapidamente de toda culpa. A pilha inteira de tristezas mundanas é dispersa por meditar em Hari; e o seu adorador, considerando o gozo divino como um impedimento à felicidade, obtém a emancipação final. Aquele cuja mente é dedicada a Hari em oração silenciosa, oferendas de fogo, ou adoração, é impaciente até mesmo da glória do rei dos deuses. De que serve a ascensão ao ponto mais alto do céu, se é necessário voltar de lá para a terra? Quão diferente é a meditação em Vasudeva, que é a semente da liberdade eterna. Por isso, Muni, o homem que pensa em Vishnu, dia e noite, não vai para Naraka depois da morte, pois todos os seus pecados são expiados.

Céu (ou Swarga) é aquilo que deleita a mente; inferno (ou Naraka) é aquilo que lhe causa dor; por isso vício é chamado de inferno; virtude é chamada de céu. A mesma coisa é aplicável à produção de prazer ou dor, de malícia ou de raiva. De onde então isso pode ser considerado como essencialmente igual a um ou outro? Aquilo que em um momento é uma fonte de prazer, torna-se em outro a causa de sofrimento; e a mesma coisa pode em épocas diferentes excitar ira, ou conciliar favor. Segue-se, então, que nada é em si mesmo aprazível ou doloroso; e prazer e dor, e similares, são apenas definições de vários estados da mente. Aquilo que só é verdade é sabedoria; mas sabedoria pode ser a causa de prisão à existência; pois todo esse universo é sabedoria, não há nada diferente disso; e por conseguinte, Maitreya, você deve concluir que conhecimento e ignorância estão contidos na sabedoria.'

Radhe Syam

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