terça-feira, 18 de junho de 2019

A importância do lagna, de Chandra e de seus senhores

Arte de Sol Luckman.
Um estudo cuidadoso dos jyotiṣa-śāstras revela que, para que um indivíduo tenha êxito na vida, seja na área que for, ele precisa, principalmente, do lagna, lagneśa, de Chandra e do dispositor de Chandra bem colocados. Isso é imanente em vários textos e explícito na Phaladīpikā de Mantreśvara, autor esse que considero o mais conciso e inteligente dentre os principais nomes do jyotiṣa que vieram após o grande Varāhamihira.

Não é difícil de entender porque lagna e Chandra devem estar bem, pois após o lagna, o segundo elemento mais importante para a prosperidade geral de um jātaka é justamente Chandra. Consequentemente, os senhores tanto do lagna quanto de Chandra também são de suma importância, pois qualquer ponto de um jātaka só vai realmente prosperar quando o seu senhor estiver bem colocado, do contrário seus resultados serão no máximo mistos.

Situações onde esses quatro pontos ou a maior parte deles está em más condições, apontam para fraqueza moral, debilidade física, infelicidade, inquietude mental, tolice, incapacidade de se suceder bem diante de desafios e, no pior dos casos, leva a uma vida obscura ou na qual o indivíduo apenas não realiza nada de significativo e nem atinge qualquer posição notável, seja no âmbito que for. Claro que isso pode ser rebatido por certos yogas ou mesmo pela própria boa disposição dos dispositores destes pontos, como fica claro em yogas como kāhala, parvata e kalpadruma, assim como pela linha de raciocínio fortemente presente no Sarvārtha chintāmaṇi a respeito da importância dos dispositores. Porém, em geral, as condições do lagna, de Chandra e de seus dispositores acabam sendo decisivas, podendo tanto ampliar os resultados dos bons yogas e diminuir as aflições dos maus yogas, como também realizar o contrário.

Abaixo apresento alguns exemplos que deixam isso bastante claro:


O mapa acima pertence a um criminoso hediondo, Dennis Allen, o qual morreu com apenas 35 anos. Notem que o lagneśa se encontra na cinco, mas se aplicando aos olhares de Shani (Sat) e de Mangala (Mar), sequencialmente.

Maṅgala, o dispositor do lagneśa, está junto de Ketu, o que não é nada positivo, ainda mais por que isso se dá na terceira casa, o que somado ao fato de leão ser um signo krūra, assim como escorpião, signo ocupado por Budha, só reforçou sua natureza violenta e desequilibrada.

Agora, notem como Chandra ocupa um signo inimigo na oito, enquanto se aplica a Rāhu e ao olhar de Maṅgala. Por si só, essa já é uma péssima indicação para a sua vida como um todo. As coisas pioram pelo fato de Śani, o dispositor de Chandra, estar conjunto a um graha debilitado na oito de Chandra e a sofrer um pāpakartari yoga (cerco de maléficos).

Dennis Allen realizou os mais diversos crimes e acabou morrendo na prisão, devido a um infarto. Sua vida foi marcada por todos os tipos de perturbações e obscuridades que se possa imaginar. A situação toda é facilmente compreensível pelo estudo da situação do lagna, de Chandra e dos dispositores desses.

Vejamos agora um caso completamente oposto:


Este é o mapa de B. V. Raman, o grande astrólogo indiano. Notem que o lagna, aquário, recebe os olhares de Budha, Śukra (Vên), Śani e Maṅgala, porém, Budha e Śani é que o olham mais pontualmente, o que é bom, pois Budha é um benéfico funcional e Śani é o próprio senhor do lagna.

O lagneśa, Śani, ocupa a quatro, em signo de grande amigo e conjunto a Chandra, senhor de seis e um maléfico, por conta de sua fase minguante. Porém, Chandra está em mūlatrikoṇa e Śani ainda recebe o olhar de Guru, participando assim de um gaja kesari yoga. As condições gerais são muito mais positivas do que negativas, tanto para o lagneśa quanto também para Chandra. Isso fez de B. V. Raman um homem introspectivo, de uma disposição piedosa, mas também austera.

Por fim, temos o dispositor de Chandra e do lagneśa, Śukra, ocupando a sete conjunto a Budha retrógrado, o que constitui, neste caso, um rāja yoga (config. para eminência social). Maṅgala está muito distante de Śukra, para o seu benefício. As configurações são mais uma vez predominantemente positivas, pois assim como o lagneśa e Chandra, Śukra também se encontra sob a influência de um benéfico e ocupa um kendra. Isso contribuiu para a sua vasta educação e boa repercussão pública, principalmente.

B. V. Raman foi um astrólogo destacado, tendo gozado de muitos privilégios e conquistas ao longo de seus 86 anos de vida. Ele viveu um casamento estável, teve uma família ampla, boa saúde, bom desenvolvimento econômico e acadêmico, além de ter demonstrado uma boa conduta moral e religiosa. Notavelmente, em seu jātaka, todos os quatro pontos: lagna, Chandra e seus senhores, estão envolvidos em bons yogas (gaja kesari, śaṅkha, chāmara, rāja, etc.), além de se situarem todos em kendras.

oṁ tat sat

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