quinta-feira, 17 de novembro de 2022

Cursos online de astrologia indiana para o primeiro semestre de 2023 - inscrições vão até 8 de janeiro


Abrirei no mês de janeiro novas turmas para os meus três cursos online de Parāśarī jyotiṣa, de nível I, II e III, e também para o curso de introdução ao Jaimini jyotiṣa. No caso do curso de Parāśarī, o curso de nível I é o de fundamentos básicos do jyotiṣa, o de nível II é o curso de yogas, as configurações dos grahas, enquanto o de nível III é o de técnicas preditivas como daśās, trânsitos e revolução solar (varṣaphala).

A data máxima para inscrição vai até o dia 8 de janeiro, portanto, os interessados devem me contatar até lá via e-mail (jyotishabr@gmail.com), ou whatsapp (12997851094). As datas de início das turmas, a princípio seriam as seguintes – o que pode ser modificado conforme a necessidade e disponibilidade dos alunos:

12.01 – Fundamentos básicos

13.01 – Técnicas preditivas

14.01 – Yogas

15.01 - Jaimini

Abaixo dou maiores informações sobre cada um dos cursos separadamente, o que inclui valores:


NÍVEL I - FUNDAMENTOS BÁSICOS DO JYOTIṢA

Esse curso é focado no método descrito por Varāhamihira em seu Bṛhat jātaka e que foi expandido na Sārāvalī, Phaladīpikā e Jātaka pārījāta, os quais integram os quatro principais textos de jyotiṣa. No entanto, também complementaremos o nosso estudo com outras referências clássicas, tais como o Bṛhat Parāśara horā śāstra e o Sarvārtha chintāmaṇi.

O curso tem extensão de cinco meses e abrange os seguintes tópicos:

1. Introdução ao jyotiṣa

2. Karma, reencarnação e destino (daiva)

3. Os doze signos (rāśis) e o āyanāṁśa (precessão dos equinócios)

4. Os nove planetas (grahas)

5. Olhares dos planetas (graha-dṛṣṭis)

6. Avaliando a força dos planetas (graha-bala)

7. As divisões de um signo (vargas)

8. As doze casas (bhāvas)

9. Kendras (1, 4, 7 e 10) & koṇas (5 e 9)

10. Upachayas (3, 6, 10 e 11), dusthānas (6, 8 e 12) & mārakas (2 e 7)

11. Natureza funcional dos planetas para cada ascendente

12. O processo de delineação

13-19. Aulas práticas

20. Pacificação dos planetas (graha-śāntiḥ)

Com este curso, o aluno poderá compreender como a delineação de um mapa deve ser realizada, o que o tornará apto a interpretar um horóscopo a um nível básico ou intermediário, a depender de seu empenho.

O valor do curso é de R$ 2200,00 à vista ou parcelado via Mercado Pago em até 12x. As aulas são semanais, dadas via Google Meet (vídeo-conferência) e serão todas gravadas em vídeo e áudio para que os alunos possam estuda-las posteriormente, o que é especialmente útil para aqueles que não podem comparecer com regularidade as aulas online. Além disso, o curso inclui PDFs riquíssimos e muitos mapas para exemplificação.

quarta-feira, 19 de outubro de 2022

Uma reflexão a respeito dos upāyas

Uma das coisas que o tempo, a leitura e a experiência me ensinaram foi que os upāyas não precisam se prender a estereótipos comuns no jyotiṣa. Por exemplo, não é porque a daśā atual é do Sol que se deve adorar Sūrya Deva para obter alívio em relação às dificuldades que esse período possa indicar. A prova disso está nos upāyas que encontramos citados em textos nāḍī, os quais nem sempre seguem uma lógica de caracterização arquetípica do graha à uma divindade. Por vezes os upāyas soam bem aleatórios, para não dizer culturais.

Inclusive, é notável que em textos como Bṛhat jātaka, Sārāvalī, Phaladīpikā e Jātaka pārījāta, ou não encontramos citações aos upāyas ou se encontramos são, em geral, citações nada específicas, como: “realize japa, doação e austeridades”. Mas afinal, “para quem?” Isso não é respondido. O único texto que realmente foca em práticas específicas é o BPHS. Nele, Parāśara cita práticas que giram em torno principalmente da adoração à Śiva, Viṣṇu, Durgā e Sūrya, o que é bastante curioso, pois nos remete ao pañcopāsana (a adoração quíntupla), onde se adoram essas quatro divindades e Ganeṣa. O pañcopāsana visa integrar à adoração à cinco divindades centrais nas tradições mais proeminentes da Índia: śaivas, vaiṣṇavas, śaktas, sauras e ganapatas. Porém, o pañcopāsana é uma perspectiva de adoração, não é a única e indisputável, muito menos aceita por todos. O BPHS, certamente foi compilado por alguém (Parāśara ou sabe-se lá quem) inclinado ao pañcopāsana. Mas em outros textos não encontramos a presença dessa perspectiva, que se tornou praticamente a perspectiva padrão em relação à recomendação de upāyas, como se alguém que não seguisse essa perspectiva estivesse fadado a sofrer com os efeitos dos grahas. Ou seja, você TEM que adorar Śiva em um período de Júpiter debilitado, assim como TEM que adorar Sūrya em um período do Sol em um dusthāna e aflito por maléficos. Mas afinal, será que tem mesmo? A resposta é simples: NÃO.

Upāyas partem de uma perspectiva religiosa, falam sobre como nós lidamos com o karma a partir da nossa relação com a Divindade. Para alguns, recorrer ao pañcopāsana pode ser natural e saudável, mas para outros, simplesmente orar Ave Maria soa mais confortável e apropriado. Não há dogmas em relação a isso. A recomendação de upāyas deve sempre levar em consideração o contexto cultural, histórico e específico de uma dada pessoa. Não adianta tentar empurrar goela abaixo uma prática hindu para alguém que nem sequer entende dessa tradição, não tem afinidade com ela e vem de uma formação religiosa distinta. Um astrólogo versado nos śāstras pode notar com clareza que, como disse, exceto Parāśara, praticamente nenhum outro astrólogo foi específico quanto a que upāyas aplicar em quais períodos e para quais grahas. Pior ainda: o BPHS que temos hoje nem é o original, o que dificulta sabermos se essas práticas estavam mesmo citadas no BPHS original, embora eu creia que estavam, pois na época em que o BPHS foi composto a síntese dessas cinco tradições - que deu lugar ao pañcopāsana - estava em ascensão na Índia medieval. Mas isso não dá a essa perspectiva autoridade absoluta. Você não precisa seguir os upāyas de Parāśara, pode seguir as práticas religiosas da sua tradição, isso é suficiente para viver uma vida mais integrada e harmoniosa.

segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Curso em 9.11 sobre como interpretar Shani (Saturno) detalhadamente

Na perspectiva clássica, o graha que está mais distante de Sūrya (Sol) é Śani (Saturno), daí de sua relação com a morte, o pecado, o isolamento, o desprendimento, a miséria e a tristeza, significados justamente opostos aos de Sūrya. Além disso, Śani é também o mais lento dos grahas, o que já se infere a partir do seu nome (Śanaiścara ou Śani), cujo significado é exatamente esse. Logo, tudo o que leva tempo a se desenvolver, que demanda disciplina, paciência e experiência está relacionado a Śani.

Agora em novembro (2022), a partir do dia 9, darei um curso online de quatro dias exclusivamente dedicado a discorrer sobre esse intrigante e temido graha. Trata-se de um curso detalhado sobre como interpretá-lo em um mapa, baseado nas referências clássicas que nos foram deixadas pelos astrólogos do passado.

O curso abrangerá os seguintes tópicos:

1.0. Sobre a natureza de Śani

1.1.  Atributos e relacionados

1.2. Relacionamentos e elementos de força

1.3. Interpretando Śani

1.4. Śani nos rāśis (signos)

1.5. Śani nos bhāvas (casas)

1.6. Śani em relação aos vargas (divisões)

1.7. Śani conjunto a outros grahas

2.0. Śani mahādaśā (o grande período de Śani)

3.0. Śani gochara (os trânsitos de Śani)

4.0. Yogas envolvendo Śani

5.0. Upāyas para Śani (remédios)

terça-feira, 3 de maio de 2022

Cursos online de astrologia indiana para o segundo semestre de 2022 - inscrições vão até 1 de julho

Abrirei no mês de julho vagas para os meus três cursos online de Parāśarī jyotiṣa, de nível I, II e III, e também para o curso de introdução ao Jaimini jyotiṣa. No caso do curso de Parāśarī, o curso de nível I é o de fundamentos básicos do jyotiṣa, o de nível II é o curso de yogas, as configurações dos grahas, enquanto o de nível III é o de técnicas preditivas como daśās, trânsitos e revolução solar (varṣaphala).

A data máxima para inscrição vai até o dia 1 de julho, portanto, os interessados devem me contatar até lá via e-mail (jyotishabr@gmail.com), ou whatsapp (12997851094). As datas de início das turmas, a princípio seriam as seguintes – o que pode ser modificado conforme a necessidade e disponibilidade dos alunos:

04.07 – Fundamentos básicos

05.07 – Técnicas preditivas

06.07 – Yogas

08.07 - Jaimini

Abaixo dou maiores informações sobre cada um dos cursos separadamente, o que inclui valores:

 

NÍVEL I - FUNDAMENTOS BÁSICOS DO JYOTIṢA

Esse curso é focado no método descrito por Varāhamihira em seu Bṛhat jātaka e que foi expandido na Sārāvalī, Phaladīpikā e Jātaka pārījāta, os quais integram os quatro principais textos de jyotiṣa. No entanto, também complementaremos o nosso estudo com outras referências clássicas, tais como o Bṛhat Parāśara horā śāstra e o Sarvārtha chintāmaṇi.

O curso tem extensão de cinco meses e abrange os seguintes tópicos:

1. Introdução ao jyotiṣa

2. Karma, reencarnação e destino (daiva)

3. Os doze signos (rāśis) e o āyanāṁśa (precessão dos equinócios)

4. Os nove planetas (grahas)

5. Olhares dos planetas (graha-dṛṣṭis)

6. Avaliando a força dos planetas (graha-bala)

7. As divisões de um signo (vargas)

8. As doze casas (bhāvas)

9. Kendras (1, 4, 7 e 10) & koṇas (5 e 9)

10. Upachayas (3, 6, 10 e 11), dusthānas (6, 8 e 12) & mārakas (2 e 7)

11. Natureza funcional dos planetas para cada ascendente

12. O processo de delineação

13-19. Aulas práticas

20. Pacificação dos planetas (graha-śāntiḥ)

quarta-feira, 13 de abril de 2022

Ingresso de Guru (Júpiter) em peixes (13.04.2022)

Com o ingresso de Guru (Júpiter) em peixes, nós agora nos vemos praticamente livres da pandemia, algo que, em grande parte, se agravou com o trânsito de Guru, o significador dos seres humanos, pelos signos de Saturno, o qual trata de misérias e doenças.

Como Guru agora está forte, por transitar o seu domicílio (svakṣetra), há mais esperança e abundância a ser colhida desse que é o mais benevolente de todos os grahas. Claro que, isso não é independente dos mapas individuais, pois se Guru em peixes pode ser excelente e uma fonte de prosperidade para uns, para outros pode ser uma configuração indesejável e fonte de muitos problemas. O mesmo raciocínio se aplica às nações, as quais possuem disposições astrológicas distintas umas das outras.

Aqueles que tendem a ser mais beneficiados por esse trânsito são: (1) os que possuem lagna ou Chandra (Lua) em tou-gêm-cân-vir-esc-sag-aqu-pei; (2) os que possuem bons yogas ou grahas auspiciosos em pei-can-vir-esc; (3) os que possuem Guru em peixes, desde que esse seja também um graha com boas regências e/ou a formar bons yogas.

Como nesse mesmo mês Śani (Saturno) ingressará aquário, lançando assim um olhar certeiro para o signo de escorpião, esse signo ficará especialmente ativo, já que Guru também o estará olhando. Com isso, note o que escorpião representa em seu mapa, quais grahas o ocupam, que casas eles regem, quais yogas formam etc., pois tudo isso virá à tona com essa ativação dupla do signo causada por Guru e Śani.

A duração dos efeitos de Guru por peixes se estenderá até abril de 2023, ao passo que a ativação dupla de Guru e Śani sobre o signo de escorpião vai de 28.04.22 até 12.07.22, sendo que essa mesma ativação é retomada entre 17.01.2023 e 21.04.2023. 

oṁ tat sat

sexta-feira, 4 de março de 2022

Curso online sobre a Kālachakra daśā - 6 de maio


No dia 6 de maio estarei dando início a um curso online sobre a kālachakra daśā, uma daśā altamente sensível às mudanças de horário e que, embora seja uma daśā de signos (ao invés de grahas, como é o caso da viṁśottarī e yoginī daśā), parte de um cálculo baseado nos nakṣatras, assim como a viṁśottarī, yoginī e outras nakṣatra-daśās.

Em seu BPHS, Parāśara cita que a kālachakra é o monarca dentre as daśās, tendo sido revelada de Śiva à Parvatī - possivelmente sua origem é tântrica. Inclusive, em textos de astrólogos que seguiam Parāśara, como Vaidyanātha (autor do Jātaka pārījāta), Mantreśvara (Phaladīpikā) e Somayaji (Jātaka deśa marga), encontramos a kālachakra daśā como uma de suas principais técnicas preditivas, ou seja, ela de fato desempenhou um papel importante na tradição de Parāśara. Hoje em dia, no entanto, vemos poucos astrólogos a usando, principalmente por conta de confusões sobre como calculá-la ou do receio causado pela sua alta sensibilidade às mudanças de horário – algo instrumental em retificações do horário de nascimento e na diferenciação dos destinos de gêmeos.

Nesse curso que darei, mostrarei como o cálculo ensinado por Shakti Mohan Singh é preciso e descreverei a mecânica do cálculo da kālachakra daśā, assim como os seus princípios interpretativos, os quais exemplificarei com mapas de personalidades famosas, incluindo também mapas de gêmeos e um exemplo de retificação do horário de nascimento usando dessa daśā altamente sensível mesmo às pequenas mudanças de horário. 

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

Aquário, o mais maléfico dentre os signos?

Em seu Bṛhat jātaka, no capítulo que trata dos vargas, Varāhamihira cita uma passagem curiosa de Satyācharya, onde esse diz que aqueles que nascem com o lagna em aquário serão infelizes. De acordo com Varāhamihira, no entanto, os yavanas (gregos) diferiam de Satyācharya, pois eles opinavam que não era o lagna em aquário o problema, mas sim o lagna no dvādaśāṁśa (D12) de aquário, algo que o astrólogo Viṣṇugupta (e também Chakanya, de acordo com Kalyāna) discordava. O interessante é que na tradição de Jaimini encontramos uma citação onde, dentre os signos cruéis (áries, leão, escorpião, capricórnio e aquário), aquário é considerado o mais cruel de todos.

Ponderando sobre isso, eu cheguei a imaginar que talvez o fato de Śani (Saturno) - o mais vil dentre os grahas - ter o seu mūlatrikoṇa nesse signo é o que lhe faria mais negativo do que os demais signos de natureza cruel. Porém, essa ideia não se sustenta bem em relação a outros exemplos citados na literatura. Outra possibilidade é a dos astrólogos clássicos terem considerado que, por aquário opor leão, o signo de regência do líder dentre os grahas, Sūrya (Sol), ele seria o signo potencialmente mais vil. Mas, enfim, pode ser que essa inferência dos astrólogos clássicos sobre aquário tenha se dado apenas a partir de observações práticas. Inclusive, é notável que as descrições dadas por eles a respeito do lagna aquário são predominantemente negativas. Os exemplos abaixo já nos dão uma ideia disso:

Varāhamihira (séc. VI): o nascido com o lagna em aquário será inativo; de uma natureza áspera; o mais velho em sua família; de um temperamento que fica entre o pitta e o vāta; seu nariz terá o formato da flor do gergelim; perderá sua riqueza; terá muitos servos; será odiado por seus parentes, preceptores, inimigos e amigos; será afeito às vilanias; adquirirá muita propriedade; jamais gastará em atos de caridade; se exibirá como virtuoso – sem o ser, de fato; adorará aos devas; sofrerá de problemas fleumáticos que lhe afetarão os órgãos na região do peito; seu fim se dará em função de dores na região da barriga, vômitos e por drogas que lhe serão administradas por mulheres.

Kalyāna (séc. X): aquele que nasce com o lagna em aquário se dedicará aos atos vis; ele se destacará entre os seus; será tolo, vil, irascível e indolente; se mostrará inclinado à inimizade; insatisfeito e áspero; afeito a jogatina e às relações com mulheres vis; não se mostrará solidário com seus parentes; será agitado; embora adquira riqueza, a sua prosperidade será flutuante; contará mentiras; será astuto; sofrerá com a penúria; perderá seus parentes; será proibido/censurado nos círculos sociais; de natureza desagradável; honrará os mais velhos.  

Mantreśvara (séc. XV): o nascido sob o lagna aquário cometerá atos vis secretamente; seu corpo terá a forma de um pote de água; ele será hábil em ferir os demais; é capaz de caminhar por longas distâncias; goza de recursos limitados; é ganancioso; não hesita em se valer da riqueza dos outros; suas finanças passam por altos e baixos; é afeito aos aromas dos perfumes e das flores.

domingo, 6 de fevereiro de 2022

Sobre as minúcias e os seus problemas

O que nos permite praticar uma astrologia natal, ou seja, dedicada ao estudo do destino de um indivíduo, é o lagna, ou ascendente. Sem ele, não conseguiríamos diferenciar um indivíduo de outro, já que mesmo o graha mais rápido, Chandra (Lua), permanece dois dias e meio em um signo - ou um dia em um nakṣatra -, uma faixa de tempo ampla demais para determinarmos as diferenças entre dois ou mais indivíduos.

A média de tempo para que o lagna mude de signo, no entanto, é de duas horas, ou seja, ele é 30x mais rápido do que Chandra. Porém, mesmo uma faixa de duas horas é ampla, já que nascem no mundo todo cerca de 150.000 pessoas por hora, todas elas com destinos distintos. Pensar nisso pode soar desencorajador para um estudante de astrologia, afinal, é como se estivéssemos sendo sempre parciais em nossas interpretações, uma vez que milhares de pessoas podem partilhar de um mesmo mapa, mas terem destinos muito distintos. Porém, em um signo nós temos inúmeras divisões, os denominados vargas/aṁśas, os quais adicionam variações diversas às disposições de um mesmo signo. Logo, embora milhares de pessoas possam vir a nascer com o mesmo mapa, é improvável que tenham o lagna situado nos mesmos vargas.

Só para terem uma dimensão, essas são as divisões de tempo necessárias para o lagna mudar de um varga a outro, considerando que o lagna leva 2h em média para percorrer um signo:

1 drekkāṇa (10º00’) = 40 minutos

1 navāṁśa (3º20’) = 13,33 minutos

1 dvādaśāṁśa (2º30’) = 10 minutos

1 ṣaṣṭyāṁśa (0º30’) = 2 minutos

Aqui estou apenas abordando as divisões de um signo em três, nove, doze e sessenta partes. Porém, há muitas outras divisões, como as de dez, dezesseis, vinte, quarenta e até mesmo de cento e cinquenta ou de trezentas partes. Tais divisões simbólicas foram teorizadas pelos astrólogos do passado no intuito de aumentar o grau de especificidade das análises. Logo, dois indivíduos com um mesmo lagna poderiam ser diferenciados, considerando que esses lagnas estariam situados no mesmo signo, mas em vargas diferentes.

Um indivíduo com o lagna em áries, mas no navāṁśa de touro, certamente terá uma disposição bem distinta de outro indivíduo que tem o lagna em áries, mas no navāṁśa de escorpião, isso para não falarmos das mudanças que ocorrem também nos outros vargas. Por exemplo, pode ser que o primeiro indivíduo citado tenha o seu lagna em um ṣaṣṭyāṁśa[1] presidido por uma divindade benevolente, enquanto o segundo o tenha situado em um ṣaṣṭyāṁśa de uma divindade cruel. Isso seria suficiente para mudar a disposição de cada um deles, mas não resolve o problema dos destinos distintos, já que concerne apenas o estudo das suas personalidades e corpos.

sábado, 8 de janeiro de 2022

Os diferenciais do método indiano de análise de dignidades

Exceto pelo sábio Pulippani, a análise das dignidades dos grahas no jyotiṣa segue basicamente o mesmo modelo teórico entre os demais astrólogos clássicos. Esse modelo combina a noção das regências (svakṣetra) e exaltações (uccha) herdadas da astrologia helenística[1] com alguns elementos próprios do método de um indiano chamado Satyācharya, o qual antecede Varāhamihira (séc. V d.C.).

No caso, a ideia de Satyācharya envolve considerar adicionalmente os mūlatrikoṇas dos grahas, assim como as relações naturais (naisargika-sambandha) e temporais (tatkālika-sambandha) desses com seus regentes – o que nos permite derivar outras cinco dignidades intermediárias entre uccha/mūlatrikoṇa/svakṣetra (as melhores dignidades possíveis) e nīcha (a pior dignidade possível).

Em relação aos mūlatrikoṇas, eles são, em suma, frações mais privilegiadas de um signo de regência, como é o caso dos primeiros 20º de áries para Maṅgala (Marte), os primeiros 10º de libra para Śukra (Vênus) etc., considerando ainda uma exceção para Chandra (Lua), o qual tem a sua fração de mūlatrikoṇa em touro, ao invés de câncer.