sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

Sobre a conjunção de Guru (Júpiter) e Śani (Saturno) em 21.12.2020

As conjunções de Guru (Júp) e Śani (Sat) foram chamadas pelos astrólogos medievais de grandes conjunções, pois elas ocorrem a cada 20 anos e são, portanto, as conjunções que levam mais tempo para ocorrer, considerando-se os sete grahas visíveis.

O astrólogo que popularizou o conceito das grandes conjunções, embora essa já existisse antes mesmo de sua contribuição, foi Abū Ma’shar, um persa que viveu no século IX. A ideia astrológica por trás desse fenômeno astronômico é a de que, por Guru e Śani serem grahas mais lentos e relacionados aos aspectos sociais, suas conjunções seriam úteis para demarcar as características de uma época, o que incluiria prever a ascensão e o declínio de reinos, religiões e de seus líderes. Em outras palavras, as grandes conjunções seriam um dos principais recursos do que podemos chamar de astrologia histórica. Elas, no entanto, não foram abertamente abordadas pelos indianos, embora hoje em dia muitos jyotiṣīs estejam aderindo a ideia, que possivelmente foi formulada já no período da astrologia helenística, mas só foi ganhar uma dimensão mais clara entre os astrólogos persas do período medieval.

Como conjunções que ocorrem a cada 20 anos não são tão relevantes assim para demarcar mudanças históricas significativas, os astrólogos não usavam exatamente dessas grandes conjunções para realizar suas principais previsões e profecias. Eles na verdade usavam das chamadas grandes mutações. As grandes mutações seriam as transições das conjunções de Guru e Śani de uma triplicidade de signos (por exemplo, áries, leão e sagitário, que formam a triplicidade de fogo) a outra. No caso, as conjunções médias de Guru e Śani se repetem ao longo de uma triplicidade por cerca de 200 anos e completam um ciclo ao longo de todas as quatro triplicidades em 800 anos. Há ainda alguns ciclos maiores que podem ser extraídos dessas conjunções, mas em geral, o que se utilizavam entre os astrólogos medievais eram os ciclos de 200 anos e os ciclos menores, de 20 anos.