terça-feira, 30 de março de 2021

Rāśi-dṛṣṭi pode ser aplicado juntamente de graha-dṛṣṭi?

Algumas vezes já me perguntaram se era válido considerar rāśi-dṛṣṭis e graha-dṛṣṭis conjuntamente. Bem, na verdade, tudo pode, mas nem tudo convêm! No jyotiṣa, nós temos quatro tipos de dṛṣṭis, os quais são aplicados em quatro métodos distintos: (1) Parāśarī e Yavana, onde se utilizam graha-dṛṣṭis; (2) Jaimini, onde se utilizam rāśi-dṛṣṭis; (3) Tājika, onde são usados os mesmos dṛṣṭis da astrologia helenística/medieval; (4) Bhṛgu nāḍī, onde são considerados dṛṣṭis a tudo que dista 2, 12, 3, 5, 7, 9 e 11 casas do graha em questão. Porém, desses quatro dṛṣṭis os mais comumente citados no contexto do jyotiṣa são os graha-dṛṣṭis (olhares dos grahas) e rāśi-dṛṣṭis (olhares dos signos).

Em Parāśarī e Yavana jyotiṣa, apenas graha-dṛṣṭis são considerados, enquanto que em Jaimini jyotiṣa são levados em conta apenas os rāśi-dṛṣṭis. A prova de que esses dṛṣṭis não são misturados na tradição são os próprios astrólogos que perpetuaram essas linhagens. Nos métodos Parāśari e Yavana, por exemplo, temos nomes como Varāhamihira, Guṇakarma, Harji, Kalyāna, Mantreśvara, Vaidyanātha, Vyaṅkateśa, Somayaji, Paṇḍit Dhuṇḍirāja, etc., e absolutamente nenhum desses sequer cita rāśi-dṛṣṭi. Todos eles usavam apenas graha-dṛṣṭi.

Quanto a tradição de Jaimini, os nomes que se destacam são Raghavabhaṭṭa, Lakṣmaṇa Sūri, Vañchanātha, Kṛṣṇamiśra, Somanātha, Nṛsiṁha Suri, Nīlakaṇṭḥa, etc., e nenhum desses autores cita graha-dṛṣṭi em seus tratados. Todos, sem exceção, usavam apenas rāśi-dṛṣṭi. Logo, se você deseja misturar esses dṛṣṭis em sua análise, saiba que essa não é uma abordagem que encontramos entre os grandes nomes do jyotiṣa. O ideal mesmo é manter cada macaco no seu galho, já que misturar dṛṣṭis só torna a análise confusa.

domingo, 21 de março de 2021

Grahas orientais e ocidentais em relação a Sūrya (Sol)

Na astrologia helenística e medieval considera-se que um graha oriental em relação a Sūrya (Sol) é mais forte do que um ocidental em relação ao mesmo. Um graha oriental seria aquele que ascende no céu antes de Sūrya, ou seja, está em grau ou signo anterior. Já o ocidental é o contrário, ele ascende depois de Sūrya, i. e., está em grau ou signo posterior.

A ideia é de que um graha oriental, justamente por ascender antes de Sūrya, seria mais vigoroso e jovial, ao passo que o graha ocidental, por ascender mais tarde, seria mais fraco. No jyotiṣa, no entanto, a impressão que se tem inicialmente é de que esse conceito não foi levado em conta, já que ninguém fala a respeito disso, seja na modernidade ou na literatura clássica.

Porém, esse é um ledo engano, pois na verdade há sim citações clássicas a respeito do conceito. Certa vez, quando estava revisando todo o conteúdo do Jātaka pārījāta para criar um resumo geral, eu encontrei um verso que falava exatamente sobre esse assunto da orientação dos grahas em relação a Sūrya. Vaidyanātha diz (2.70) que os grahas que antecedem Sūrya longitudinalmente estão com a face para cima (supino) e são capazes de produzir felicidade e riqueza, enquanto aqueles que estão em graus posteriores ao dele, estão com a face para baixo (de bruços) e seriam menos produtivos e eficazes. Em outras palavras, Vaidyanātha está falando sobre grahas orientais (com a face para o alto) e ocidentais (com a face para baixo) em relação a Sūrya, exatamente o mesmo conceito usado na tradição helenística e medieval de astrologia.

Mas não foi só essa referência que me fez perceber a presença desse conceito na tradição indiana. Um estudo da Sārāvalī, particularmente dos versos que falam sobre os Sūrya yogas, veśi e vośi, deixaram claro para mim que havia na tradição consciência a respeito desse elemento de delineação.

quinta-feira, 11 de março de 2021

Uma atualização sobre a pandemia

Andei pensando sobre os trânsitos atuais e futuros, e sobre como eles vão incidir na pandemia. Em lives e artigos anteriores eu cheguei a citar que os seguintes trânsitos eram perigosos e assinalavam catástrofes no mundo:

1.  O encontro de Júpiter e Saturno em capricórnio, que se deu em dezembro do ano passado.

2.     Saturno e Marte tencionando um ao outro nos signos de capricórnio e áries, que ocorreu entre 23.12 e 21.02, sendo que Júpiter também foi afetado por essa configuração.

3.      Rahu e Marte se encontrando em touro entre 21.02 e 13.04, o que vem ocorrendo atualmente e cujo pico se dará em meados do dia 26.03, quando ambos formam uma conjunção perfeita, o que pode apontar para um possível pico de mortes e problemas associados ao covid aqui no Brasil, algo que já vem sendo previsto inclusive pelos cientistas.

Ou seja, o primeiro trimestre inteiro vem marcado por configurações difíceis, o que tem se refletido claramente nos eventos atuais, especialmente no Brasil. Ontem mesmo ocorreram mais de 2300 mortes causadas por covid 19 aqui no país, um recorde infeliz.

Também cheguei a citar anteriormente que quando Júpiter ingressasse aquário, haveria uma perspectiva de progresso e libertação para a humanidade. De fato, as coisas estão se encaminhando para isso, pois a vacinação já está sendo extensiva em muitos lugares e no Brasil o governo finalmente se mostrou disposto a estimular o programa de vacinação. Entre abril e setembro, o período que Júpiter estará passando por aquário, teremos a perspectiva de mais pessoas sendo vacinadas por aqui, embora isso não seja suficiente para vacinar a população toda e o número de mortes diárias ainda vá permanecer alto, ao que tudo indica.

Devemos também considerar que Júpiter ainda vai retrogradar para capricórnio, seu signo de debilitação, em setembro. Ele permanecerá no signo até 20 de novembro, quando então fará seu ingresso definitivo em aquário. Embora aquário não seja tão grave para Júpiter como é capricórnio, que inclusive está ocupado por Saturno, um significador de doenças, pobreza e sofrimentos, ainda assim aquário também é um signo de Saturno. Logo, as coisas não vão acabar tão cedo assim ao longo do mundo. A humanidade segue por mais algum tempo mazelada pela influência severa de Saturno sobre Júpiter, que é justamente o significador da vida e dos seres humanos em contato com o significador da morte, das doenças, restrições e sofrimentos.

terça-feira, 9 de março de 2021

Ekadaśī-vrata

Além do mês civil que é tão importante para os calendários em geral, na Índia também se considera, especialmente para observações religiosas, o mês lunar, que se estende de uma Lua nova (āmāvāsya) a outra (amānta-māsa) ou de uma Lua cheia a outra (pūrṇimānta-māsa) a depender da região ou tradição em questão.

Um mês lunar consiste de trinta tithīs (dias lunares), onde quinze se dão durante a fase onde a Lua vai ganhando luz (śukla-pakṣa, que vai do primeiro dia após a Lua nova até a Lua cheia) e quinze durante a fase onde a sua luminosidade decresce (kṛṣṇa-pakṣa, do primeiro dia após a Lua cheia até a Lua nova). Cada uma dessas tithīs corresponde a uma determinada distância longitudinal entre o Sol e a Lua, tendo cada uma delas um nome que geralmente é numérico. Por exemplo, pratipad é o primeiro dia lunar, dvitīya o segundo, etc.

O décimo primeiro dia lunar tanto da fase crescente quando minguante é chamado de ekadaśī (onze) e, nos Purāṇas, esse dia é citado como ideal para cultivar a devoção a Hari (Kṛṣṇa/Nārāyaṇa/Viṣṇu). A tradição recomenda que nesse dia todos jejuem e adorem Hari por meio de bhajanas (canções devocionais), mantra-japa, orações, etc. Logo, o ekadaśī é um vrata, um voto recomendado nas escrituras. Ele é seguido por adeptos de diferentes tradições, porém é especialmente glorificado e observado nas tradições vaiṣṇavas.

Abaixo eu listei algumas explicações do ekadaśī, partindo não só da perspectiva do jyotiṣa, mas também do yoga e do āyurveda, para que todos possam entender melhor e se beneficiar desse dia tão especial:

segunda-feira, 1 de março de 2021

Curso online sobre Rāhu e Ketu - inscrições até o dia 10.05

Em maio, darei um curso online, via google meet, sobre os nodos lunares. Serão oito aulas, quatro sobre Rāhu e quatro sobre Ketu. A ideia inicial é abordar Rāhu nos dias 18, 19, 20 e 21 de maio, e Ketu nos dias 25, 26, 27 e 28 de maio, porém, conforme a disponibilidade dos alunos, posso rever as datas.

Nesse curso aprenderemos tudo sobre como interpretar os nodos lunares, Rāhu e Ketu, conforme o que ensina a literatura clássica. Veremos desde o caráter básico dos mesmos, até seus resultados nas casas, signos e na interação com outros grahas. Tudo será exemplificado com dezenas de mapas, acompanhando PDF para consulta e o acesso a todas as gravações das aulas, o que viabilizará o acesso ao conteúdo mesmo aos que não puderem comparecer aos encontros online.

Os tópicos abordados no curso serão:

 

RĀHU (nodo norte)

1. Sobre a natureza de Rāhu

2. Kārakātva – lista de significados atribuídos a Rāhu

3. Considerações especiais sobre os nodos lunares

4. Rāhu nos doze signos

5. Rāhu nas doze casas

6. Rāhu conjunto a outros grahas

7. Rāhu mahādaśā e trânsitos

8. Upāyas - remédios 


KETU (nodo sul)

1. Sobre a natureza de Ketu

2. Kārakātva – lista de significados atribuídos a Ketu

3. Considerações especiais sobre os nodos lunares

4. Ketu nos doze signos

5. Ketu nas doze casas

6. Ketu conjunto a outros grahas

7. Ketu mahādaśā e trânsitos

8. Upāyas - remédios

 

O prazo máximo para a inscrição no curso será o dia 10 de maio. O valor do investimento é de R$ 800,00, sendo que também é possível parcelar o valor em até 12x via pagseguro com um acréscimo de R$ 40,00, devido a taxa cobrada pelo pagseguro.

Os interessados no curso devem me contatar via whatsapp (12996242742) ou email (jyotishabr@gmail.com). 

 

oṁ tat sat