quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Curso online em janeiro sobre daśās, trânsitos e revoluções solares (varṣaphala)

Podemos resumir o estudo de um mapa em duas fases: delineação, que envolve o estudo e a determinação das promessas do mapa, e predição, que envolve prever quando trais promessas se manifestação. No caso, para prever, um astrólogo faz uso de técnicas que trabalham com um tempo simbólico, as daśās, e técnicas que lidam com o tempo real, ou seja, os trânsitos (gochara) e revoluções solares (varṣaphala), com os quais se pontua o momento mais aproximado de manifestação dos eventos indicados pelas daśās.

Agora em janeiro estarei dando início a um curso online focado justamente nessas técnicas preditivas, ou seja, daśās, trânsitos e revoluções solares. Trata-se de um curso mais avançado e que, portanto, demanda o conhecimento básico de delineação, uma vez que antes de prever, precisamos saber delinear bem um horóscopo.

Os temas que serão abordados no curso são:

1. Udu daśās (viṁśottarī, yogini e outras)
2. Graha-phala (os resultados das daśās)
3. Daśā & bhukti (como prever usando períodos maiores e menores)
4. Yoga-daśā-phala (determinando quando os yogas darão seus frutos)
5. Māraka-daśā-phala (determinando o momento da morte ou fases difíceis para a saúde)
6. Gochara (trânsitos)
7. Aṣṭakāvarga
8. Varṣaphala (revolução solar)
9. Prevendo eventos
10-16. Aulas práticas

O curso será dado via Zoom, compreende gravações em áudio das aulas e PDFs para estudo que serão enviados por email juntamente de mapas para exemplificação e estudo. O valor do curso é de R$ 1500,00 à vista, podendo também ser parcelado em até 12x via PagSeguro. Sua duração é de quatro meses, ou seja, teremos uma aula por semana, começando no dia 16 de janeiro (quinta-feira) e mantendo as aulas durante as quintas, às 19hrs. Porém, formada a turma, posso rever os dias e horários, de forma que fique confortável para todos.

Como as aulas serão gravadas, não é necessário que todos estejam presentes na aula online. Logo, esse é um curso que não impossibilita a participação daqueles que não poderiam comparecer as aulas, uma vez que terão acesso as gravações semanais para poderem estuda-las no seu próprio tempo.


Interessados devem me contatar via e-mail (jyotishabr@gmail.com) ou whatsapp (12996242742) até no máximo o dia 10 de janeiro, que é a data limite para o pagamento.

oṁ tat sat

terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Trânsitos de dezembro de 2019

Em dezembro, ocorrem os seguintes trânsitos:

04.12 Mercúrio ingressa escorpião.
11.12 ocorre um apasavya-graha-yuddha entre Vênus e Saturno à 24º de sagitário, com Vênus sendo o vencedor.
15.12 Vênus ingressa capricórnio.
16.12 dhanu-saṁkrānti (Sol ingressa sagitário).
25.12 Mercúrio ingressa sagitário e Marte ingressa escorpião.
26.12 ocorre um eclipse solar anular à 10º de sagitário.
27.12 ocorre uma conjunção entre Sol e Júpiter à 11º de sagitário.

Algumas das minhas inferências sobre essas configurações são:

(1) O signo de sagitário segue bastante ativo ao longo do mês, com Júpiter, Saturno, Vênus e Ketu o ocupando, sendo que Vênus sai de sagitário no dia 15, mas já no dia seguinte temos o ingresso do Sol no signo, e no dia 25 Mercúrio é que ingressa sagitário. No dia 26 teremos um eclipse solar anular também em sagitário, seguido no dia 27 de uma conjunção exata entre o Sol e Júpiter.

O que se deve notar, nesse caso, é o que sagitário representa no seu próprio mapa. Pois sem dúvida esses temas serão ativados, especialmente se estiver vivendo o período de algum dos grahas que estarão transitando o signo. Desses, Júpiter é naturalmente o mais importante, por ser o senhor do signo e, portanto, o dispositor de todos os demais que o transitam. Inclusive, como Júpiter fica combusto em boa parte do mês, note como isso afetará de forma negativa os temas a que ele se relaciona em seu mapa natal, especialmente porque isso se somará as conjunções com Saturno e Ketu, dois maléficos.

Um exemplo ilustrativo, envolvendo alguém cujo ascendente é touro, seria o de um problema envolvendo a família da esposa, os recursos dela ou mesmo uma doença se desenvolvendo ao longo desse período, afinal a configuração se daria no oitavo signo com uma confluência maléfica reforçada ainda pelo eclipse solar e a combustão do senhor do oitavo signo. Porém, esse também pode ser um indicativo de heranças ou obtenção de outros benefícios envolvendo recursos de outras pessoas, o que só pode ser definido a partir das próprias especificidades do mapa, obviamente.

Outro exemplo seria o de alguém cujo ascendente é áries, com a configuração se dando no nono signo. Nesse caso, algum tipo de problema envolvendo o relacionamento do indivíduo com seus professores ou mesmo um problema para um de seus professores ou a uma pessoa mais velha de sua família pode se dar. Talvez, inclusive, nem seja o caso de algo negativo ser ativado, mas sim algo positivo em meio a circunstâncias mais árduas ou agitadas, uma vez que nem sempre a ativação de um tema carrega consigo uma temática negativa simplesmente por envolver os maléficos. Isso se dá porque a condição dos planetas no mapa natal modifica os efeitos desses em seus trânsitos, isso para não falar também de como suas regências modificam o impacto que geram em um trânsito, ou como a própria daśā vigente é importante, uma vez que prioriza certas coisas.

quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Signos inteiros, casas iguais ou quadrantes? O que adotar?

Os primeiros livros de astrologia de que temos notícia não diferenciam signos de casas. Seja na tradição helenística ou indiana, a ideia é a mesma: uma vez determinado o signo ascendente, o segundo signo tratará dos temas de dois, o terceiro dos temas de três, e assim por diante. Não importa se o ascendente está a 29º de um signo, todo o signo representará os temas do ascendente, enquanto a mesma ideia se aplica aos demais signos.

Esse sistema, denominado “signos inteiros” ou whole-sign houses (WSH) era o padrão vigente até o século IX. Não que os astrólogos do passado não sabiam ou não usavam os sistemas de casas iguais (bhāva-chakra) ou de quadrantes (bhāva-chalita), na verdade eles já tinham conhecimento desses sistemas, mas não parece que nessa época os tópicos eram atribuídos as casas calculadas matematicamente com base nas divisões terrestres. Os tópicos pertenciam aos signos, ao passo que os sistemas de casas, especialmente o de casas iguais, mostraria o quão eficiente um graha seria em manifestar os temas indicados pelo signo que ele ocupava, conforme sua distância da cúspide da casa. Além disso, há exemplos de alguns usos bem específicos dos sistemas de quadrantes na tradição helenística, o que limitaria sua aplicação apenas para contextos bem definidos, ou seja, eles não seriam usados para determinar tópicos.

Um exemplo pode tornar as coisas mais claras: suponhamos que alguém possua Maṅgala (Marte) em leão e o seu signo ascendente seja virgem. No caso, Maṅgala ocupa o décimo-segundo signo a partir de virgem, o ascendente, logo ele trata dos temas de doze. Mas se em um sistema de casas como o bhāva-chakra ou o bhāva-chalita esse Maṅgala desliza para a casa seguinte ou anterior, ele continuará a falar sobre os temas de doze, mas com uma capacidade de impacto sobre tais temas já reduzida. Alguns diriam que Maṅgala, nesse caso, falaria sobre ambos os temas, os da décima-segunda e também da outra casa ocupada por quadrante (bhāva-chalita) ou divisões iguais (bhāva-chakra). Mas, eu particularmente cheguei à conclusão de que, embora isso tenha sua lógica, acaba que torna as coisas mais complicadas e, por sinal, não sou só eu quem pensa isso, muitos outros astrólogos, dedicados ao jyotiṣa ou mesmo a astrologia helenística, em particular, optam por usar signos inteiros para determinar os tópicos a que um graha se refere.

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Curso em dezembro: princípios para interpretações detalhadas das casas (bhāvas)

Em dezembro, nos dias 11 e 12, estarei dando um curso online, via Zoom, sobre bhāva-vichara, deliberações sobre as casas. Nessas duas aulas abordarei mais de trinta princípios clássicos de bhāva-vichara, os quais serão exemplificados em dezenas de mapas.

Por exemplo, quando um graha rege uma casa positiva e outra negativa, se ele estiver em más condições, os resultados de sua casa negativa ganharão força, ao passo que em boas condições os efeitos de sua regência positiva é que prevalecerão.

Outra regra é de que, mesmo que um graha esteja forte, se ele ocupa um dusthāna, seus resultados serão medíocres, enquanto que um graha, mesmo fraco, se ocupa um ângulo ou koṇa, inegavelmente manifestará seus resultados.

Esses são alguns exemplos de princípios sensíveis e que fazem grande diferença em uma delineação. Todas essas regras tem a sua base nas deliberações dos astrólogos do passado e, após tê-las testado, decidi compila-las de forma a gerar assim uma metodologia eficiente para a análise dos bhāvas.


No curso, ensinarei inclusive como fazer uso de uma tabela de consulta que ajudará o estudante a não se esquecer desses inúmeros princípios de bhāva-vichara.

Interessados devem me contatar via e-mail (jyotishabr@gmail.com) ou whatsapp (12996242742) para reservar suas vagas. O prazo máximo para inscrição é o dia 7 de dezembro e o valor das duas aulas é de R$ 400,00, o que também pode ser parcelado no cartão em até 12x via PagSeguro. O curso inclui gravações em áudio dos encontros, PDF, tabela para consulta e dezenas de mapas para exemplificação.

oṁ tat sat

sábado, 2 de novembro de 2019

Trânsitos de novembro de 2019

Neste mês de novembro, os ingressos e trânsitos que chamam a atenção são os seguintes:

04.11 Júpiter ingressa sagitário.
07.11 Mercúrio ingressa libra, retrógrado.
10.11 Marte ingressa libra.
16.11 vṛśchika-saṁkrānti (Sol ingressa escorpião).
20.11 a retrogradação de Mercúrio cessa à 20º de libra e Vênus ingressa sagitário.

Disso, noto o seguinte:

(1) Logo no início do mês, Júpiter ingressa sagitário, seu próprio signo, onde permanecerá até março de 2020, para então retrogradar de capricórnio à sagitário em 29 de junho, onde permanecerá até 20 de novembro, data em que deixa definitivamente o signo de sagitário.

Como esse é o trânsito de um graha lento, ele é muito relevante para a realização de predições. No caso, indivíduos cujo ascendente é áries, gêmeos, leão, virgem, escorpião, sagitário, aquário e peixes tendem a ser especialmente beneficiados por esse trânsito, enquanto os demais (touro, câncer, libra e capricórnio) terão Júpiter transitando a três, seis, oito ou doze do lagna, o que torna esse um trânsito potencialmente negativo.

Quando Júpiter efetiva um trânsito positivo, isso assegura oportunidades, saúde, conforto, felicidade, novas aquisições, progresso na carreira, nos estudos e viagens. Em contrapartida, os seus trânsitos negativos são potencialmente capazes de trazer medo, preocupação, problemas de saúde, perda de status, muitas despesas, desânimo, falta de oportunidade, obstruções nos estudos, desarmonia no lar, etc. Desses trânsitos, o de Júpiter pela três tem um potencial especial de desgastar a saúde, desde que outros fatores, como a daśā vigente e os demais trânsitos, corroborem isso.

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Astrologia: sistema ou método?

Definir a astrologia como um sistema preditivo é algo comum. Usamos a palavra “sistema” a torto e a direito para se referir a esse vidyā, porém, se analisamos a palavra “sistema” cuidadosamente, então isso nos leva a perceber que a astrologia não é e nunca será um sistema.

A definição de um sistema envolve justamente previsibilidade absoluta. Trata-se de um processo com começo, meio e fim bem definidos e perfeitamente funcionais, características essas que a astrologia como um todo (seja a indiana, ocidental, chinesa, etc.) não tem e, é justamente por isso que pesquisas, replicações estatísticas e outras metodologias similares não funcionam tão bem na astrologia. Mas afinal, isso a torna uma disciplina fajuta e enganosa? A resposta é um sonoro NÃO! Pois a astrologia, embora use muito da matemática, não é em si uma disciplina linear e perfeitamente matemática. Ela é bem mais complexa que isso, daí também de jamais podermos defini-la como ciência na acepção moderna da palavra[1].

Se procuramos realizar uma pesquisa sobre uma configuração específica, um yoga, por exemplo, vamos nos deparar com casos completamente distintos entre si. Posso dizer, inclusive, que replicar um yoga raramente funciona. O número de variações possíveis para um mesmo yoga são gigantescas, mas ainda sim, mensuráveis. Logo, se fosse só esse o problema, então isso não seria lá um obstáculo intransponível, especialmente para yogas mais simples. 

Na verdade, a grande fonte dos problemas da astrologia está no fato de que nenhuma configuração existe à parte de outras, da mesma forma que alguém não pode isolar por completo o funcionamento de um braço, uma vez que esse está atrelado ao corpo como um todo e depende desse para funcionar, afinal, todos os tecidos de que um braço é composto são preservados pelo processo digestivo, seus movimentos dependem do sistema nervoso, que por sua vez está ligado ao cérebro, etc. Quando transpomos essa mesma realidade para a astrologia, então o número de configurações de suporte ou mesmo de nulificação para um mesmo yoga tornam-se infindáveis! Daí de ser impossível ou no mínimo utópico tornar a astrologia um sistema, do contrário, já teríamos softwares realizando delineações e predições de sucesso e não dependeríamos do astrólogo em si, bastaria que alguém descobrisse uma forma de sistematizar esse conhecimento. Logo, que fique claro: a astrologia não é um sistema.

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Mantras e stotras

Nos jyotiṣa-śāstras há vários tipos de mantras e stotras recomendados para se pacificar os grahas. Inclusive, dentre todos os tipos de upāyas, nenhum é superior a mantra-japa, que mesmo na Gītā é elogiado como o maior de todos os yajñas (sacrifícios espirituais)[1]. Isso se deve ao fato de que os mantras tem a capacidade de libertar (trayate) a mente (manas) de suas aflições, como já está implícito na própria palavra mantra. Além do que, não existe nada dentro da realidade material mais sutil do que o som, o qual é um produto do ākāśa (éter/espaço), o primeiro dos elementos materiais e, portanto, aquele que mais está próximo da realidade transcendental.

Os mantras que encontramos menção nos clássicos de jyotiṣa são o mahāmṛtyunjaya, Viṣṇu sahasrānāma, Śiva sahasrānāma, Śrī Śrī Chaṇḍi path, Śrī sūkta, gāyatrī mantra, saṁtāna Gopāla mantra, śāntiḥ sūkta, Ādityā hṛdaya path, Durgā saptaśati path, assim como também japa de outros mantras dedicados à Śiva, Durgā, Lakṣmī e Viṣṇu ou mesmo aos navagrahas, sendo que esses últimos são conduzidos junto a uma cerimônia elaborada de hāvana (sacrifício de fogo), geralmente.

A verdade, no entanto, é de que não é necessário mudar a prática do mantra conforme o período que o indivíduo vivencia. Claro que há mantras com propósitos bastante específicos, mas há aqueles cujo propósito é absoluto, tais como o oṁkāra e harināma, portanto, basta que haja fé no mantra e na forma da Divindade a ele relacionada para que o indivíduo obtenha aquilo de que precisa. Um vaiṣṇava, por exemplo, invés de se recitar mantras dedicados aos devas e devīs, depositará a sua fé completamente em harināma, enquanto que um śaiva fará o mesmo em relação ao pañchākśarī Śiva mantra, um śakta, em relação aos mantras dedicados à Śakti, etc. Logo, o melhor é que cada um basicamente se fixe na sua própria adoração, consciente de que o seu iṣṭa-deva (divindade adorável) haverá de lhe prover toda a proteção e suporte necessário. Isso, no entanto, demanda śraddhā (fé) e uma conexão sincera com algum tipo de upāsana (disciplina tradicional), uma vez que guiar-se a partir das próprias especulações mentais nunca é uma opção inteligente.

oṁ tat sat 



[1]yajñanam japa-yajño ‘smi...”, Bhagavad gītā, 10.25

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

O navāṁśa e sua contribuição em termos de força

A abordagem mais simples e comum do navāṁśa envolve considerá-lo como um complemento na determinação da força de um graha. Varahāmihira, por exemplo, menciona[1] que um graha obtém sthana-bala (força posicional) quando situado em uccha, mūlatrikoṇa, svakṣetra, rāśi amigo ou em seu próprio navāṁśa. Porém, é complicado quantificar a contribuição do navāṁśa em termos de força.

Vaidyanātha diz[2] que um graha que ocupa o seu próprio navāṁśa manifesta uma força equivalente a de um graha em mūlatrikoṇa, enquanto que o graha em navāṁśa amigo age similar a um em svakṣetra. Kalyāna, no entanto, é o astrólogo que apresenta a opinião mais coerente. Na sua opinião[3] um graha em seu uccha-navāṁśa manifestará efeitos plenos; em próprio navāṁśa, efeitos similares aos de seu svakṣetra; em nīcha ou śatru-navāṁśa, resultados insignificantes; em mitra-navāṁśa, resultados moderados.

Há certas situações em que o navāṁśa é capaz de alterar significativamente os resultados de um graha. Isso se dá quando um graha está em uccha no rāśi e em nīcha no navāṁśa ou em nīcha no rāśi e em uccha no navāṁśa, o que é chamado de ucchabhanga e nīchabhanga, respectivamente. O seguinte śloka do Jātaka pārījāta[4] dá evidências disso:

"Os grahas produzirão resultados de debilitação se ocuparem o nīcha-navāṁśa de seu uccha-rāśi. Por outro lado, se ocupam o uccha-navāṁśa de seu nīcha-rāśi, produzirão os resultados comuns a exaltação."

Bhanga significa "anulação", logo, ucchabhanga é a anulação da exaltação, enquanto nīchabhanga é a anulação da debilitação. Vaidyanātha, por exemplo, diz o seguinte em relação a Sūrya sofrendo ucchabhanga[5]:

"Sūrya em áries, mas ocupando o navāṁśa de libra tornará o indivíduo pobre."

Porém, é importante salientar que mesmo que um graha esteja debilitado no navāṁśa, o fato de estar exaltado no rāśi dá a ele alguma força. Pior é quando o graha está debilitado tanto no rāśi quanto no navāṁśa. Nesse caso, o vargottamāṁśa dará resultados medíocres. Isso fica claro no seguinte śloka[6]:

terça-feira, 15 de outubro de 2019

Curso online sobre o pañchāṅga em 11-12 de novembro

Agora em novembro, nos dias 11 e 12 (horários a serem combinados com os interessados), darei duas aulas online sobre o pañchāṅga, os cinco elementos essenciais para determinar as qualidades do tempo e que são sempre analisados pelos astrólogos antes da delineação do horóscopo do indivíduo. Essa técnica consiste em basicamente notar o dia da semana (vāra), o nakṣatra ocupado por Chandra, a tithī (dia lunar), o karaṇa (a metade de uma tithī) e o nitya-yoga presente no momento do nascimento do indivíduo. Por meio disso é possível já inferir certas características do indivíduo e de sua vida, assim como também se há ou não algum doṣa (defeito) significativo que lhe afetará negativamente.

Na Índia, é costume notar logo de início todos esses elementos, os quais formam o pano de fundo para a delineação do horóscopo. Além disso, esses elementos do pañchāṅga são essenciais para a eleição (muhūrta) de momentos apropriados para o início de diferentes atividades, algo que abordarei mais superficialmente nessas aulas, uma vez que isso demanda um estudo à parte e extensivo sobre o assunto.

O conteúdo do curso será:

1.0. Pañchāṅga
1.1. A importância de Sūrya & Chandra
2.0. Os sete vāras e seus efeitos
3.0. Os vinte e sete janma-nakṣatras e as descrições clássicas dos mesmos
4.0. As dezesseis tithīs e seus efeitos
5.0. Os onze karaṇas e seus efeitos
6.0. Os vinte e sete nitya yogas e seus efeitos
7.0. Doṣas (gaṇḍānta, eclipses, viṣṭi karaṇa, saṁkrānti, amāvāsyā e kṛṣṇa chaturdaśī)
8.0. A importância do pañchāṅga em muhūrta-jyotiṣa (astrologia eletiva)

Interessados em participar do curso devem estar se inscrevendo até no máximo o dia 8 de novembro, o que inclui a realização do depósito. No caso, o valor do curso é de R$ 350,00. As aulas serão dadas via zoom e o áudio delas será gravado para que possam ouvir o conteúdo novamente. Isso possibilitará que mesmo pessoas que não possam participar dos encontros online consigam acessar todo o conteúdo. Além disso, no curso também está incluído um PDF para acompanhamento e um bom número de mapas que serão usados para exemplificação.

Para inscrição, contate-me via email (jyotishabr@gmail.com) ou whatsapp (12996242742).

oṁ tat sat

quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Trânsitos de outubro de 2019

Para este mês de outubro, temos os seguintes ingressos e trânsitos:

03.10 Vênus ingressa libra.
17.10 tula-saṁkrānti (o Sol ingressa libra).
22.10 Marte faz a sua ascensão helíaca no nakṣatra hasta, em virgem.
23.10 Mercúrio ingressa escorpião.
27.10 Vênus ingressa escorpião.
31.10 Mercúrio retrograda à 3º de escorpião.

O que infiro disso é:

(1) Haverá uma concentração de grahas (Mercúrio, Sol e Vênus) em libra do dia 17 (ingresso do Sol em libra) ao dia 23, sendo que Mercúrio deixa o signo justamente no dia 23, para então ingressar escorpião, ao passo que Vênus ingressa escorpião quatro dias depois, no dia 27. Assim, isso naturalmente ativará os temas a que libra se encontra relacionado em seu mapa por casa, incluindo também os grahas presentes no mesmo.

Indivíduos com essa configuração caindo na sua terceira ou quinta casa podem se sentir mais inspirados para estudar algo de cunho artístico, enquanto outros com a configuração caindo na sétima podem experimentar mais movimentação em sua vida afetiva, etc.

(2) Ao fim do mês teremos Mercúrio ingressando escorpião, exatamente no dia 23, enquanto Vênus ingressa somente no dia 27. Ou seja, haverá dois benéficos transitando o signo, ambos na condição de muditāvasthā (sentindo-se deleitados). Isso afetará positivamente o signo e os temas a que ele se encontra relacionado em seu mapa, assim como também os grahas nele presentes.

Se o trânsito se dá na quarta casa, esse pode ser um bom momento para aquisições materiais e relações familiares, além de indicar uma fase feliz e agradável. Já se o trânsito se dá na nona casa, pode ser um período favorável para os estudos, a religiosidade e a relação com os mais velhos e os professores, etc.

terça-feira, 24 de setembro de 2019

Desmistificando o horóscopo diário

Muitas pessoas acabam entrando em contato com a astrologia por meio dos horóscopos de jornais, revistas e sites, os quais se baseiam no signo solar, geralmente tropical, para realizar certas predições diárias, semanais, quinzenais ou mesmo mensais. Naturalmente, por uma questão de praticidade, tais predições se confinam ao signo solar e, portanto, dividem toda a humanidade, com seus aproximadamente oito bilhões de seres humanos, em apenas doze padrões astrológicos.

Essa prática teve origem em meados de 1920, por influência de Alan Leo, que sendo um dos primeiros astrólogos designados modernos e um perito homem de negócios, com escritórios em Londres, Paris, Nova Iorque e uma equipe de cerca de doze pessoas, começou a produzir milhares de horóscopos ao ano, todos baseados em um único e simples fator acessível a todos: o signo solar (tropical). Definitivamente, essa foi uma jogada de marketing brilhante, isso é inegável, pois com isso Alan Leo conseguiu engordar seu bolso e massificar o interesse pela astrologia, que antes era um assunto complexo e geralmente limitado a classe intelectual ou mais abastada. Graças a sua “contribuição”, agora toda e qualquer pessoa, sabendo sua data de nascimento, pode consultar seu horóscopo diário, semanal, etc., não sendo necessário saber qual é o seu ascendente, posição lunar e muito menos as posições dos outros grahas, as relações entre eles, suas dignidades e tantas outras informações “enfadonhas”.

Agora, pensem comigo: faz sentido dividir toda a humanidade, com seus aproximadamente oito bilhões de seres humanos, em apenas doze padrões astrológicos? Não, isso não faz qualquer sentido. É completamente absurdo e, portanto, não passa de uma jogada de marketing ou de puro entretenimento. Não há diferença alguma entre essa abordagem e os anúncios de internet como: “aprenda a tocar qualquer instrumento em uma semana!”, ou “alcance o sucesso seguindo apenas três passos!”. Ainda assim, muitos não percebem isso ou quando percebem, já logo assumem que astrologia é apenas mais uma forma de charlatanismo.

sábado, 7 de setembro de 2019

Aulas online em 07 e 08.10 sobre bādhaka-sthana e o bādhakeśa

Nos dias 7 e 8 de outubro estarei dando um curso online sobre o bādhaka-sthana, um importante conceito descrito em alguns textos clássicos como Jātaka pārījāta, Pullipani jothidam, Praśna mārga e outros.

Bādhaka
significa “obstrutor”, portanto, o bādhaka-sthana corresponde a um signo do mapa que, quando ocupado, traz problemas e obstruções para os temas do graha em questão. Não só, o regente do bādhaka, o bādhakeśa, leva esses mesmos efeitos para onde quer que esteja. Porém, há certas considerações especiais a respeito do bādhaka que foram expostas nos śāstras e que geralmente causam certa confusão entre os praticantes e estudantes do jyotiṣa. Nesse curso irei abordar todas essas questões, o que inclui exemplificação prática valendo-se de dezenas de mapas.

Interessados em participar dessas duas aulas devem me contatar via e-mail (jyotishabr@gmail.com) ou whatsapp (12996242748) até o dia 30.09. O valor do curso é de R$ 350,00, incluindo PDF para acompanhamento, dezenas de mapas, duas aulas online de aprox. 1h, 1h30min, e a gravação em áudio de todo o conteúdo abordado. Inclusive, como estarei enviando as gravações por e-mail, não se faz necessário estar presente na aula. O pagamento das aulas deverá ser realizado até o dia 30.09, o que pode ser feito tanto via depósito bancário quanto também via PagSeguro (o que inclui a possibilidade de parcelamento em até 12x).

oṁ tat sat

sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Trânsitos de setembro de 2019

Agora em setembro, assim como em agosto, não há tantos ingressos e mudanças nos céus. Listo abaixo as mudanças desse mês:

02.09 ocorre uma conjunção entre Sol e Marte em 15º de leão.
03.09 ocorre um aṁśumardana graha-yuddha entre Mercúrio e Marte em 16º de leão, com Mercúrio sendo o vencedor.
09.09 Vênus ingressa virgem.
10.09 Mercúrio ingressa virgem.
17.09 kanyā saṁkrānti (Sol ingressa virgem)
18.09 a retrogradação de Saturno cessa à 19º de sagitário.

Dos eventos acima, minhas observações são as seguintes:

(1) Os principais movimentos do mês se dão nos signos de leão e virgem, sendo que a grande concentração de grahas em leão vai se transferindo para o signo de virgem entre os dias 9 e 17 do mês. Naturalmente, esses signos são mais ativados, evocando assim os temas a que se relacionam em cada horóscopo.

O que noto ser mais relevante, no entanto, é a conjunção exata de Sol e Marte nos 15º de leão. Indivíduos com grahas ou a cúspide de uma casa próxima a esse grau sentiram mais o impacto desse trânsito, o qual tem o poder de ativar os resultados relacionados ao ponto afetado, o qual ficará inflamado pela influência desses dois agni-grahas (grahas que presidem o fogo). Como se tratam de dois krūra-grahas, Sol e Marte podem também prejudicar o ponto afetado, criando conflitos, acidentes ou outros problemas ao ponto afetado, mas isso apenas se houver no horóscopo alguma confluência para isso.

sábado, 17 de agosto de 2019

Bādhaka-sthana e o bādhakeśa

Há um conceito no jyotiṣa que foi abordado apenas em alguns poucos textos e, ainda assim, geralmente de forma muito breve: o conceito do bādhaka-sthana e seu senhor, o bādhakeśa. Até onde sei, apenas o Jātaka pārījāta, Praśna mārga, Jātaka sāra saṅgraha e o Pullipani jothidam abordaram esse princípio. Além disso, encontramos também mencionado no BPHS moderno o conceito de bādhaka, mas ao que tudo indica, como parte de uma compilação de conceitos diversos, uma vez que o que é mencionado no BPHS é praticamente o mesmo que encontramos no Jātaka sara saṅgraha, o qual antecede a versão atual do BPHS.

Me parece que a teoria do bādhaka ou foi ignorada por muitos astrólogos ou teve sua origem pouco antes do século XV, uma vez que é somente em textos dessa época ou posterior a mesma que encontramos menções a seu respeito. Também não há qualquer indício de qual seria a escola de pensamento responsável por essa teoria, pois a encontramos tanto em textos de Parāśarī jyotiṣa como também no Jātaka sara saṅgraha da tradição de Jaimini jyotiṣa.

Determinando o bādhaka e seus efeitos
A regra básica para a determinação do bādhaka-sthana em um jātaka é a seguinte: para signos móveis (ar, cn, li e cp) o bādhaka-sthana é o décimo primeiro signo, para os fixos (to, le, es e aq) o nono e para os duais (ge, vi, sg e pe) o sétimo, enquanto o bādhakeśa é o senhor do bādhaka-sthana ou bādhaka-rāśi. Notavelmente, o bādhaka pula de três em três signos no sentido anti-horário, partindo dos signos móveis aos fixos e, por fim, aos duais. Já cheguei a ler algumas explicações a respeito do significado desse pulo, mas nenhuma delas me convenceu, sinceramente, pois há conceitos inúmeros no jyotiṣa que simplesmente não possuem uma explicação clara, e tudo bem! Isso não necessariamente nega a validade de tais conceitos, como a própria prática atesta.

Agora, quanto ao significado do bādhaka-sthana, as únicas pistas que temos quanto a isso são o próprio termo, bādhaka, e alguns poucos versos que falam dos resultados de diferentes configurações envolvendo o bādhaka. A começar pela palavra em si, bādhaka pode ter os seguintes significados: sitiante, encrenqueiro, perturbador, prejudicador, opositor, assediador, opressor, obstrutor, doloroso, ofensor ou anulador. Com isso podemos inferir que o bādhaka-sthana e o bādhakeśa são criadores de obstáculos, perturbações, opressão, oposição e dor.

sábado, 27 de julho de 2019

Refutando a presença de "mapas divisionais" na literatura clássica

Hoje fui marcado em uma postagem de uma pessoa que clama haver sim nos clássicos indicações dos vargas enquanto mapas divisionais, algo que venho refutando já a algum tempo por meio de algumas postagens (vide esta e esta). O mais engraçado é que a pessoa em questão só citou o Bṛhat Parāśara horā, texto que só é autoridade entre astrólogos desinformados, pois todos estão carecas de saber que esse texto além de diferir do original está cheio de interpolações, visto ser fruto de uma tentativa de recompor o texto datado de meados do século VI-VIII e que era dividido em dois khandas: pūrva e uttarakhanda. Inclusive, quem tentou recompor o texto original do BPHS foi um brāhmaṇa que viveu no século XIX. A partir daí algumas traduções e comentários começaram a surgir, dos quais o de Sitaram Jha ficou muito popular, embora esse só exista em hindi. Em inglês há apenas duas traduções, as quais são mais recentes, uma de Girish Chand Sharma e outra de R. Santhanam. Geralmente a tradução que as pessoas acessam pela internet é a do R. Santhanam e a maior parte dos astrólogos de hoje em dia usa essa versão como referência, a qual já possui alguns elementos distintos da tradução de Sitaram Jha e outros astrólogos inacessíveis para aqueles que não sabem hindi.

O que as pessoas em geral não sabem, no entanto, é de que os paṇḍītas em jyotiṣa não usam o BPHS como referência principal, mas apenas secundária, justamente por saberem dos problemas acima citados sobre o mesmo. As verdadeiras referências do jyotiṣa são, em especial, quatro textos clássicos: Bṛhat jātaka de Varāhamihira (séc. VI), Sārāvalī de Kalyāna (séc. X), Phaladīpikā de Mantreśvara (séc. XIII ou XV) e Jātaka pārījāta de Vaidyanātha (séc. XV). Nenhum paṇḍīta realmente versado toma do BPHS como autoridade principal, pois para entender o BPHS os textos acima mencionados é que são utilizados, pois em particular a Phaladīpikā é um texto de Parāśarī jyotiṣa e que apresenta os princípios de Parāśara livre das interpolações modernas de Jaimini jyotiṣa.

Dada essa introdução, agora podemos proceder para o verdadeiro intuito desse texto que é demonstrar  por meio de sólidas referências acadêmicas como a interpretação dos ślokas citados no artigo em que fui marcado é completamente incorreta, pois a pessoa em questão, por meio de apenas quatro ślokas mal interpretados do BPHS, tenta derrubar a ideia clássica - que ela de maneira cômica chama de moderna - de que os vargas devem ser usados apenas como divisões de um signo e não como “mapas divisionais”.

A pessoa em questão afirma que Parāśara nos pede para olhar o mapa navāṁśa, com suas conjunções, dṛṣṭis e casas, quando em momento algum Parāśara se refere a coisas do tipo. Nesses quatro ślokas, dois pedem apenas que olhemos o navāṁśa ocupado pelo lagna e pela cúspide da sete, algo comumente utilizado nos textos clássicos, inclusive nos quatro principais que mencionei mais acima, enquanto os outros dois ślokas tratam da técnica rāśi-tulya-navāṁśa, onde se transpõem o navāṁśa ocupado por um graha sobre o mapa natal para se obter uma informação adicional dos seus resultados. No caso, para que fique bem claro no que consiste a técnica de rāśi-tulya-navāṁśa cito logo abaixo três exemplos:

Trânsitos de agosto de 2019

Neste mês de agosto não há tantos ingressos e mudanças nos céus. No caso, ocorrerá apenas o seguinte:

02.08 Mercúrio ingressa câncer.
08.08 Marte ingressa leão.
11.08 a retrogradação de Júpiter cessa à 20º de escorpião.
16.08 Vênus ingressa leão.
17.08 siṁha-saṁkrānti (Sol ingressa leão).
26.08 Mercúrio ingressa leão.

O que infiro disso é:

(1) O ingresso de Marte por leão inicia uma sequência de trânsitos que se darão sobre esse signo neste e no início do próximo mês. Aqueles que possuem o ascendente ou a Lua em gêmeos, libra ou peixes são os que tendem a se beneficiar desse trânsito de Marte, o qual outorga felicidades, ganhos, confortos, progresso econômico, vitórias e êxito sobre adversidades. Para os demais posicionamentos a propensão a enfrentar dificuldades com relação a casa ou graha que Marte estiver afetando em seus horóscopos é maior, embora apenas o aṣṭakāvarga e a análise individual permita decidir o que realmente ocorrerá.

Como já é de conhecimento geral, o trânsito de Marte infunde energia, coragem e força sobre aquilo que afeta, porém, isso também pode descambar na agressão e na irascibilidade.

(2) Com o fim da retrogradação de Guru se dando a 20º de escorpião, aqueles que possuem grahas ou algum ponto sensível próximo a esse grau pode experimentar a ativação das promessas do mesmo.

(3) Todos os anos o Sol, juntamente de Mercúrio e Vênus, transita progressivamente cada um dos doze signos, ativando-os. Porém, como disse no ponto (1), neste mês inicia-se uma sequência de trânsitos sobre o signo de leão que inclui também a presença de Marte. Até o fim do mês teremos Marte, o Sol, Vênus e Mercúrio em leão, o que tornará o signo significativamente ativado.

Indivíduos cujo ascendente ou a Lua estejam em escorpião, por exemplo, tendem a ser beneficiados por este curto, mas intenso trânsito de quatro grahas por leão, pois esse coincide com a décima casa dos mesmos, onde não só Mercúrio e Vênus, mas também o Sol e Marte se saem bem. Os resultados benéficos, nesse caso, serão especialmente sentidos no âmbito profissional ou na vida pública.

Note em que casa a partir do ascendente e da Lua o signo de leão cai em seu mapa, assim como também se há ou não grahas nesse signo, pois a partir daí pode-se ter uma ideia do que será ativado neste período. A fase de pico dos trânsitos sobre leão se dará entre 17.08 e 10.09, sendo que entre 26.08 e 17.08 todos os quatro grahas estarão passando pelo signo.

terça-feira, 23 de julho de 2019

Curso em setembro sobre yogas, as configurações astrológicas

Yoga é um termo principalmente empregado dentro do contexto espiritual da Índia e cujo significado é “união”, no caso, da ātmā ao Paramātmā. Em jyotiṣa, a palavra yoga tem o mesmo significado, de “união”, mas aplicado a configurações onde dois ou mais fatores astrológicos se relacionam. Tais yogas podem ser formados por permutações de relacionamentos entre os grahas (planetas) com outros grahas, bhāvas (casas), bhāveśas (senhores de casas) ou mesmo rāśis (signos).

Todos os clássicos de jyotiṣa contém descrições de diferentes yogas, embora nem todos os yogas sejam explicitamente tratados como tal, uma vez que não foram nomeados, como é o caso de yogas mais populares como gaja kesari, mahāpuruṣa yoga, etc. Sem dúvida, a categorização dos yogas que encontramos no jyotiṣa é uma de suas características distintivas mais importantes e atraentes quando o comparamos com outros sistemas de astrologia.

Para um jyotiṣi, identificar os yogas de um horóscopo é absolutamente essencial, pois a delineação é, em outras palavras, um processo de identificação de yogas e também de ariṣṭas (misérias). No caso, yogas são as configurações positivas de um horóscopo, ao passo que os ariṣṭas também são yogas, mas cujo impacto é negativo. Todo horóscopo possui um misto de yogas e ariṣṭas, porém, em alguns os ariṣṭas predominam em influência, ao passo que em outros são os yogas que detém mais destaque.

Inclusive, embora os yogas sejam divididos em dois grupos maiores: yogas e ariṣṭas ou śubha yogas e aśubha yogas, há ainda categorias muito mais específicas, como:

terça-feira, 2 de julho de 2019

Sobre o eclipse solar parcial do dia 02.07.19

Todos os anos as pessoas ficam agitadas por causa dos eclipses, os quais na maior parte das vezes não são tão relevantes, pois não são visíveis no país (especialmente o solar), são parciais ou então não tocam nenhum ponto sensível no mapa de uma nação ou governante. A nível individual, a menos que o eclipse toque um ponto natal, especialmente o lagna (ascendente), o lagneśa (senhor do ascendente), Chandra (Lua), Sūrya (Sol) ou os kendras (ângulos), seus efeitos não serão tão relevantes. Claro que se ele toca algum outro graha, um impacto será sentido nos temas do graha, mas se o eclipse se dá apenas em uma casa do mapa, sem tocar nenhum outro ponto natal, então ele também não será tão relevante, em geral.

Hoje teremos um eclipse solar que se dará no signo de gêmeos, à 16º35’, aproximadamente. Esse eclipse tocará o nakṣatra ardra e será parcialmente visível no Brasil, logo no crepúsculo. São Paulo por exemplo verá apenas 27% do globo solar eclipsado, enquanto Porto Alegre verá 58%. Apenas em parte do Chile e da Argentina o eclipse solar será total, o que no Brasil só ocorrerá em 2045, pois eclipses solares visíveis levam muito tempo para ocorrerem novamente em um mesmo local.

Em vista do que descrevi acima, julgo que esse não será um eclipse tão relevante para o Brasil, exceto para a região sul que pode ser mais significativamente afetada. Como o eclipse se dá em um signo bípede, de ar e sob o olhar de Śani (Sat), o qual ainda está retrógrado, de acordo com textos clássicos de astrologia isso pode resultar em problemas ligados ao frio, doenças aos homens, banimentos, carências, tribulações, ansiedades, medos, tristezas, contendas, problemas para os mais velhos, ventos inconvenientes, etc.

O senhor de gêmeos, Budha (Mer), está aflito no momento, pois ocupa câncer junto de um Maṅgala (Mar) debilitado, o que pode apontar para enganação, roubo, viagens e comércio sem sucesso, tempo irregular e mutável, com risco de furacões, trovões e outros desequilíbrios naturais. Porém, a intensidade de todo esse impacto é questionável, pois como mencionei, mesmo em Porto Alegre o alcance do eclipse sobre o globo solar não é integral, embora já compreenda mais de 50% do mesmo. Pode ser que tais efeitos se deem apenas onde o eclipse é completamente visível.

A nível individual, aqueles que possuem Chandra ou o lagna nos nakṣatras mṛga, ārdrā, punarvasu, svātī e śatabhiṣa serão especialmente afetados. De resto, deve-se notar apenas onde o signo de gêmeos está posicionado no mapa e se há algum graha no mesmo. Como esse eclipse está sendo predominado pelo olhar de Śani, seu impacto tende a ser mais negativo, pois ainda que Śukra (Vên) esteja também em gêmeos, ele ocupa 4º, sendo que o eclipse se dá a 16º e Śani o opõem a 23º, ou seja, a orbe de Śani é mais estreita do que a de Śukra. Além disso, Śani está retrógrado, o que fortalece ainda mais o seu impacto, mas não descarto completamente a possibilidade de Śukra amenizar os efeitos do eclipse, tornando-o ainda algo positivo.