sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Trânsitos de setembro de 2019

Agora em setembro, assim como em agosto, não há tantos ingressos e mudanças nos céus. Listo abaixo as mudanças desse mês:

02.09 ocorre uma conjunção entre Sol e Marte em 15º de leão.
03.09 ocorre um aṁśumardana graha-yuddha entre Mercúrio e Marte em 16º de leão, com Mercúrio sendo o vencedor.
09.09 Vênus ingressa virgem.
10.09 Mercúrio ingressa virgem.
17.09 kanyā saṁkrānti (Sol ingressa virgem)
18.09 a retrogradação de Saturno cessa à 19º de sagitário.

Dos eventos acima, minhas observações são as seguintes:

(1) Os principais movimentos do mês se dão nos signos de leão e virgem, sendo que a grande concentração de grahas em leão vai se transferindo para o signo de virgem entre os dias 9 e 17 do mês. Naturalmente, esses signos são mais ativados, evocando assim os temas a que se relacionam em cada horóscopo.

O que noto ser mais relevante, no entanto, é a conjunção exata de Sol e Marte nos 15º de leão. Indivíduos com grahas ou a cúspide de uma casa próxima a esse grau sentiram mais o impacto desse trânsito, o qual tem o poder de ativar os resultados relacionados ao ponto afetado, o qual ficará inflamado pela influência desses dois agni-grahas (grahas que presidem o fogo). Como se tratam de dois krūra-grahas, Sol e Marte podem também prejudicar o ponto afetado, criando conflitos, acidentes ou outros problemas ao ponto afetado, mas isso apenas se houver no horóscopo alguma confluência para isso.

sábado, 17 de agosto de 2019

Bādhaka-sthana e o bādhakeśa

Há um conceito no jyotiṣa que foi abordado apenas em alguns poucos textos e, ainda assim, geralmente de forma muito breve: o conceito do bādhaka-sthana e seu senhor, o bādhakeśa. Até onde sei, apenas o Jātaka pārījāta, Praśna mārga, Jātaka sāra saṅgraha e o Pullipani jothidam abordaram esse princípio. Além disso, encontramos também mencionado no BPHS moderno o conceito de bādhaka, mas ao que tudo indica, como parte de uma compilação de conceitos diversos, uma vez que o que é mencionado no BPHS é praticamente o mesmo que encontramos no Jātaka sara saṅgraha, o qual antecede a versão atual do BPHS.

Me parece que a teoria do bādhaka ou foi ignorada por muitos astrólogos ou teve sua origem pouco antes do século XV, uma vez que é somente em textos dessa época ou posterior a mesma que encontramos menções a seu respeito. Também não há qualquer indício de qual seria a escola de pensamento responsável por essa teoria, pois a encontramos tanto em textos de Parāśarī jyotiṣa como também no Jātaka sara saṅgraha da tradição de Jaimini jyotiṣa.

Determinando o bādhaka e seus efeitos
A regra básica para a determinação do bādhaka-sthana em um jātaka é a seguinte: para signos móveis (ar, cn, li e cp) o bādhaka-sthana é o décimo primeiro signo, para os fixos (to, le, es e aq) o nono e para os duais (ge, vi, sg e pe) o sétimo, enquanto o bādhakeśa é o senhor do bādhaka-sthana ou bādhaka-rāśi. Notavelmente, o bādhaka pula de três em três signos no sentido anti-horário, partindo dos signos móveis aos fixos e, por fim, aos duais. Já cheguei a ler algumas explicações a respeito do significado desse pulo, mas nenhuma delas me convenceu, sinceramente, pois há conceitos inúmeros no jyotiṣa que simplesmente não possuem uma explicação clara, e tudo bem! Isso não necessariamente nega a validade de tais conceitos, como a própria prática atesta.

Agora, quanto ao significado do bādhaka-sthana, as únicas pistas que temos quanto a isso são o próprio termo, bādhaka, e alguns poucos versos que falam dos resultados de diferentes configurações envolvendo o bādhaka. A começar pela palavra em si, bādhaka pode ter os seguintes significados: sitiante, encrenqueiro, perturbador, prejudicador, opositor, assediador, opressor, obstrutor, doloroso, ofensor ou anulador. Com isso podemos inferir que o bādhaka-sthana e o bādhakeśa são criadores de obstáculos, perturbações, opressão, oposição e dor.