quarta-feira, 30 de maio de 2018

A elegibilidade necessária para estudar e praticar o jyotiṣa, de acordo com Parāśara

O que Parāśara tem a dizer sobre as qualificações necessárias para se estudar e praticar o jyotiṣa?

"Elegibilidade necessária para predições de sucesso: Ó Maitreya, as palavras daquele (1) que alcançou a habilidade na matemática, (2) se dedicou a adquirir o conhecimento da gramática, (3) que possui ciência da justiça, (4) é inteligente, (5) detém conhecimento sobre geografia, espaço e tempo, (6) que conquistou seus sentidos, (7) é hábil em estimações lógicas e (8) favorável ao jyotiṣa, sem dúvida alguma serão verdadeiras."

"...não ensine os conhecimentos desse śāstra àquele que é insignificante, que calunia os demais, nem àquele que não é inteligente, mas que é cruel e desconhecido a você. Ensine esse jyotiṣa śāstra somente àquele que (9) é gentil, (10) amigável, (11) devotado, (12) veraz, (13) brilhante e (14) que você conhece muito bem."

Claro, é bastante raro encontrar alguém com todas essas quatorze qualidades. Eu mesmo não tenho toda a qualificação necessária. No entanto, é possível, por conquista gradual ou seja, estudo e 
sādhanadesenvolver esse adhikāra (elegibilidade), desde que hajam indicações favoráveis no próprio horóscopo. Inclusive, pode-se resumir as qualidades necessárias como sendo ética e qualificação intelectual. Obviamente, haverá astrólogos medíocres, medianos e superiores, conforme o grau que possuem dessas qualidades.

om tat sat

terça-feira, 1 de maio de 2018

Considerações importantes sobre viparīta rāja yoga

Dentre os yogas, talvez um dos mais incompreendidos seja o viparīta rāja yoga, um tipo de rāja yoga que manifesta seus resultados apenas após alguma situação estressante e dolorosa, ou seja, após algum tipo de revés (viparīta - contrário, inverso, oposto). A razão principal desse ser um yoga tão incompreendido é a divergência existente em relação ao tema entre os astrólogos tanto clássicos quanto contemporâneos.

Mantreśvara, por exemplo, no cp. sexto de sua Phaladīpikā, opina que o viparīta ocorre quando (1) o senhor de seis ocupa a oito ou a doze sob influência de um maléfico; (2) o senhor de oito ocupa a seis, oito ou doze; (3) o senhor de doze ocupa a seis ou oito sob influência de um maléfico. Os nomes que ele dá a esses yogas são, respectivamente, harṣa (deleite), sarala (honesto, correto) e vimala yoga (puro), e seus efeitos incluem um bom caráter, destemor, sucesso e riqueza, dentre outros. No entanto, para que o viparīta seja funcional não pode haver parivartana (recepção mútua) envolvendo um senhor de dusthāna com o senhor de qualquer outra casa, pois isso desencadeia um dainya yoga, um yoga para miséria, pobreza e difíceis revezes na vida. Essas são, basicamente, as opiniões de Mantreśvara quanto a viparīta rāja yoga.

Outro astrólogo - posterior a Mantreśvara -, chamado Kālīdāsa e que é autor do Uttara kalāmṛta, já tem uma opinião um pouco distinta, inclusive, ele é quem usa pela primeira vez o termo viparīta rāja yoga. No cp. quarto, ele diz que um viparīta ocorre quando o senhor de um dusthāna ocupa outro dusthāna - assim como menciona Mantreśvara -, mas sem a interferência de qualquer outro graha que não seja o senhor de um dusthāna. Além disso, na opinião de Kālīdāsa, se os senhores de dusthānas formam um parivartana entre si, isso também gera um viparīta ao invés de um dainya yoga, como afirma Mantreśvara. Conjunções e outros sambandhas (relacionamentos) entre senhores de dusthānas, mesmo que não se deem em dusthānas, para Kālīdāsa também são viparītas.