segunda-feira, 29 de abril de 2019

Trânsitos de maio de 2019

Fiquei sem escrever sobre o mês de abril, pois fiquei bem ocupado, mas estou hoje retomando a descrição dos trânsitos do mês, no caso, do mês de maio. Seguem abaixo os movimentos deste próximo mês:

03.05 Mercúrio ingressa áries.
05.05 ocorre uma oposição entre Marte e Júpiter à 29º de touro-escorpião.
06.05 Marte ingressa gêmeos.
10.05 Vênus ingressa áries.
15.05 vṛṣabha saṁkrānti (ingresso do Sol em touro).
18.05 Mercúrio ingressa touro.
30.05 ocorre uma oposição entre Mercúrio e Júpiter à 26º de touro-escorpião.

O que eu noto, a respeito dessas posições, é:

(1) Júpiter enfrenta duas oposições, a primeira de Marte em 05.05 e a segunda de Mercúrio em 30.05. Essa primeira é negativa e representa, a nível de medini (astr. Mundial), prejuízos aos temas de Júpiter, ou seja: a religião, as universidades, templos, professores, religiosos, crianças, etc. No caso, violência, protestos ou atividades radicais são típicas manifestações de Marte.

Em astrologia natal, essa oposição afetará com energia, entusiasmo, competitividade e uma atitude expansiva e aventureira o eixo do mapa em que estiver se dando. Pode-se considerar que alguns dias antes e depois da oposição seus efeitos seguem se dando.

(2) O ingresso de Mercúrio em áries no dia 03.05, seguido do de Marte em 06.05 constituirá um parivartana yoga entre ambos, o que perdura até 18.05 apenas. Deve-se observar que temas esses afetarão para cada um dos doze ascendentes. No caso, para os ascendentes touro, câncer, virgem, escorpião e capricórnio, esse parivartana tende a atuar de maneira negativa, pois é um dainya parivartana. Para os demais lagnas a tendência natural é que os resultados do parivartana sejam positivas, afinal, se tratará de mahā ou kāhala parivartana.

quarta-feira, 24 de abril de 2019

Sobre como determinar a longevidade a partir do mapa

Dos temas que podem ser estudados em um horóscopo, nenhum é tão difícil de precisar quanto o tema longevidade. Mesmo os melhores astrólogos podem falhar ou se mostrar apreensivos em relação ao estudo dessa área da vida. No entanto, os astrólogos do passado deixaram bastante claro que antes de analisar qualquer coisa em um mapa, o astrólogo deve determinar a longevidade do indivíduo, pois afinal, de que adiantam rāja yogas para alguém que está destinado a morrer antes de desfrutar dos resultados desses?

Para resolver esse problema, os astrólogos do passado desenvolveram dezenas de métodos visando determinar a longevidade de um indivíduo. No caso, a esses métodos é dado o nome de nitya āyurdāya quando envolvem cálculos matemáticos - como é o caso do piṇḍa, aṁśa e nisarga āyurdāya - ou anitya ayurdāya, quando envolvem a observação de três pares de fatores - como é o caso do método de Jaimini e o de Mantreśvara. Nenhum desses sistemas é 100% funcional, pois inclusive alguns deles possuem inúmeras variações possíveis em seus cálculos, fruto tanto de discordância quanto também de dúvida entre os astrólogos clássicos e contemporâneos.

Em vista disso, muitos se sentem desencorajados a tentar determinar a longevidade. Porém, há um terceiro método de avaliar a longevidade: yogaja, o qual é muito mais flexível e, por sinal, pode-se dizer que é 100% preciso se utilizado da maneira correta. Nesse método, o que importa é observar a distribuição dos grahas no mapa, suas forças, os yogas que formam e consequentemente, a maneira como afetam a longevidade.

Um indivíduo que nasce com Chandra na oito, minguante, conjunto a Rāhu e sob olhar de Śani, sem qualquer intervenção de um saumya graha (benéfico), por exemplo, é um caso de alpayu, vida curta, senão de balāriṣṭa, morte infantil. Já alguém que nasce com Śani exaltado na onze e o regente da oito digno na cinco, enquanto o senhor do lagna ocupa um kendra sob olhar de Guru, é um caso de pūrṇāyu (vida longa).

Praticamente todos os textos clássicos de jyotiṣa contém pelo menos um capítulo inteiro dedicado ao tema longevidade e, quando não, possuem pelo menos alguns versos dedicados ao assunto, incluindo sempre versos que se referem a yogaja. Inclusive, em seu “How to judge a horoscope”, B. V. Raman chegou a listar uma série de yogas para vida curta, média e longa, extraídos de versos clássicos. Dessa forma, é possível sim prever a longevidade de um indivíduo, especialmente por meio de yogaja, porém, isso não necessariamente é algo fácil de se fazer, pois como disse mais acima, nada é mais difícil no jyotiṣa do que determinar a longevidade de um indivíduo.

sexta-feira, 5 de abril de 2019

Esclarecimentos sobre o ṣaṣṭyāṁśa

No início dos meus estudos de jyotiṣa, algo que me atraía muito era a possibilidade de usar os vargas, que na época eu entendia como mapas divisionais. Dentre os vargas, o que mais chamava a atenção era o ṣaṣṭyāṁśa, que consiste na divisão de um signo em sessenta partes de 0º30' cada. Essa atração se dava pelo simples fato de que, além de ser o mais sutil dos vargas, onde o ṣaṣṭyāṁśa do lagna (asc.) muda a cada um ou dois minutos, em média, o ṣaṣṭyāṁśa é descrito na versão contemporânea do Bṛhat Parāśara horā como sendo um varga que trata de todos os assuntos.

Pois bem, isso que descrevi se referia as minhas impressões iniciais. Vejo várias pessoas que recém iniciaram seus estudos com esse mesmo tipo de fascínio que eu também já tive. Inclusive, já ocorreram situações em que invés da pessoa me enviar o seu mapa natal (rāśi) para consulta, ela me enviou o seu ṣaṣṭyāṁśa, tamanha a importância que alguns vieram a atribuir a esse varga nos dias atuais, que devo deixar bem claro, se deve a uma apresentação equivocada do tema.

Porque digo que essa visão é equivocada? Por várias razões, mas a primeira se refere ao fato de que os vargas jamais foram exemplificados nos clássicos como mapas à parte do mapa natal, mas sim como meras divisões de um signo. Ou seja, invés de se construir um mapa à parte com as posições dos grahas projetadas nesse, o que os astrólogos do passado faziam era analisar coisas como: "Guru ocupa a casa um, no signo de câncer e navāṁśa de Śani (no caso, capricórnio ou aquário)", ou seja, eles usavam dos vargas como subdivisões de um signo, sempre em função das posições natais e não de posições virtuais, como ocorre quando usamos os vargas, enquanto "mapas divisionais". Inclusive, já cheguei a abordar isso em um artigo passado, o qual pode ser acessado clicando aqui.