No seu horā
śāstra, Parāśara diz que quando o indivíduo vive a daśā de um graha que ocupa ou rege a dois ou a sete, ou mesmo se
relaciona com os regentes dessas duas casas, o indivíduo correrá riscos de vida
ou experimentará sofrimentos e agonias semelhantes aos da morte. Isso se deve
ao fato das casas dois e sete serem a doze da três e da oito, respectivamente,
casas que falam sobre āyur, a
longevidade. Portanto, dois e sete tratam da perda da longevidade e são
denominadas mārakas (assassinas) nos
textos clássicos.
Na minha prática atestei que, de fato, um indivíduo
morrerá ou passará por dificuldades de saúde e temores durante as daśās acima mencionadas. Aqueles que tem
indicações de vida curta (alpāyu)
costumam abandonar o corpo na terceira daśā
(vipat-tāra), os que tem vida média (madhyāyu), na quinta daśā (pratyak-tāra) e os de vida longa (pūrṇāyu) na oitava daśā (naidhana-tāra). Isso, obviamente, quando
tais daśās estão de acordo com os
princípios acima mencionados e há também uma confluência de fatores negativos,
como trânsitos e indicações por parte de outras daśās tais como a śūla daśā.
No entanto, tendo em vista que determinar a extensão
da longevidade (āyu-kandha) não é uma
tarefa fácil, é recomendável que o indivíduo sempre tome um cuidado especial
com a sua saúde na daśā de grahas que
adquirem o potencial de mārakeśas
(assassinos). Parāśara recomenda, inclusive, que certas práticas sejam
realizadas durante tais períodos. Dentre elas, destaca-se a prática do māhamṛtyunjāya mantra, o grande mantra que venceu a morte e que é
dedicado a Tryambakaṃ, aquele que
possui três olhos: Śiva.
ॐ त्र्यम्बकं यजामहे सुगन्धिं पुष्टिवर्धनम्
उर्वारुकमिव
बन्धनान्मृत्योर्मुक्षीय
माऽमृतात्
om
tryambakaṃ yajāmahe sugandhiṃ puṣṭivardhanam
urvārukamiva
bandhanānmṛtyormukṣīya mā'mṛtāt
A tradução do mantra seria:
"Om,
ó adorável Tryambakaṃ, que perfumado por doces fragrâncias nutre a todos com
sabedoria, assim como o pepino cai da trepadeira quando maduro, liberte-nos do
aprisionamento da morte e conceda-nos o néctar da imortalidade e da libertação
(mokṣa)".
Logo, quem quer que esteja passando por um período
com as características acima mencionadas, pode fazer uso desse grande mantra
para proteger a sua saúde, recuperar-se de alguma debilidade ou mesmo
libertar-se do temor em relação a morte. O ideal é recitar no mínimo duas voltas completas de japa (2 x 108) do mantra ao dia, ou então uma volta de cento e oito, vinte e oito ou dez.
Śiva é descrito no Bhāgavata purāṇa como sendo o ahaṅkāra
(ego) do universo e, uma vez que as doenças só se manifestam quando o ahaṅkāra individual é enfraquecido,
pode-se fazer uso desse mantra para fortalecer o ahaṅkāra e, conseqüentemente, a imunidade (ojas). Isso, claro, para aqueles que se preocupam em
preservar o corpo, pois idealmente, o yoga
recomenda que não tenhamos preocupações do tipo, uma vez que não somos o
corpo, mas sim a ātmā imortal e
indestrutível que o permeia. Além disso, a extensão de tempo em que viveremos nesse plano já está determinado e isso é imutável.
Om tat sat
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