quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Māhamṛtyunjāya mantra

No seu horā śāstra, Parāśara diz que quando o indivíduo vive a daśā de um graha que ocupa ou rege a dois ou a sete, ou mesmo se relaciona com os regentes dessas duas casas, o indivíduo correrá riscos de vida ou experimentará sofrimentos e agonias semelhantes aos da morte. Isso se deve ao fato das casas dois e sete serem a doze da três e da oito, respectivamente, casas que falam sobre āyur, a longevidade. Portanto, dois e sete tratam da perda da longevidade e são denominadas mārakas (assassinas) nos textos clássicos.

Na minha prática atestei que, de fato, um indivíduo morrerá ou passará por dificuldades de saúde e temores durante as daśās acima mencionadas. Aqueles que tem indicações de vida curta (alpāyu) costumam abandonar o corpo na terceira daśā (vipat-tāra), os que tem vida média (madhyāyu), na quinta daśā (pratyak-tāra) e os de vida longa (pūrṇāyu) na oitava daśā (naidhana-tāra). Isso, obviamente, quando tais daśās estão de acordo com os princípios acima mencionados e há também uma confluência de fatores negativos, como trânsitos e indicações por parte de outras daśās tais como a śūla daśā.

No entanto, tendo em vista que determinar a extensão da longevidade (āyu-kandha) não é uma tarefa fácil, é recomendável que o indivíduo sempre tome um cuidado especial com a sua saúde na daśā de grahas que adquirem o potencial de mārakeśas (assassinos). Parāśara recomenda, inclusive, que certas práticas sejam realizadas durante tais períodos. Dentre elas, destaca-se a prática do māhamṛtyunjāya mantra, o grande mantra que venceu a morte e que é dedicado a Tryambakaṃ, aquele que possui três olhos: Śiva.

त्र्यम्बकं यजामहे सुगन्धिं पुष्टिवर्धनम्
उर्वारुकमिव बन्धनान्मृत्योर्मुक्षीय माऽमृतात्

om tryambakaṃ yajāmahe sugandhiṃ puṣṭivardhanam
urvārukamiva bandhanānmṛtyormukṣīya mā'mṛtāt

A tradução do mantra seria:

"Om, ó adorável Tryambakaṃ, que perfumado por doces fragrâncias nutre a todos com sabedoria, assim como o pepino cai da trepadeira quando maduro, liberte-nos do aprisionamento da morte e conceda-nos o néctar da imortalidade e da libertação (mokṣa)".

Logo, quem quer que esteja passando por um período com as características acima mencionadas, pode fazer uso desse grande mantra para proteger a sua saúde, recuperar-se de alguma debilidade ou mesmo libertar-se do temor em relação a morte. O ideal é recitar no mínimo duas voltas completas de japa (2 x 108) do mantra ao dia, ou então uma volta de cento e oito, vinte e oito ou dez.

Śiva é descrito no Bhāgavata purāṇa como sendo o ahaṅkāra (ego) do universo e, uma vez que as doenças só se manifestam quando o ahaṅkāra individual é enfraquecido, pode-se fazer uso desse mantra para fortalecer o ahaṅkāra e, conseqüentemente, a imunidade (ojas). Isso, claro, para aqueles que se preocupam em preservar o corpo, pois idealmente, o yoga recomenda que não tenhamos preocupações do tipo, uma vez que não somos o corpo, mas sim a ātmā imortal e indestrutível que o permeia. Além disso, a extensão de tempo em que viveremos nesse plano já está determinado e isso é imutável.

Om tat sat

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