(1) Assim como a
debilitação (nīcha) e a ocupação de um signo inimigo (śatru rāśi),
a combustão é vista como uma aflição. Inclusive, os grahas combustos são
denominados kopa, isso é, "irados". Percebe-se no indivíduo
uma irritação quanto aos temas do graha combusto, o que pode se agravar
ou não a depender da força de tal graha e dos olhares que recebe.
Kalyana diz (05.12, Sārāvalī) que um graha combusto está mutilado (vīkala)
e os seus resultados serão a perda de posição, um coração imundo, pobreza, uma
natureza errante e temor em relação a inimigos. É claro que isso depende de
muitos outros fatores. Além disso, os maus efeitos da combustão são sentidos
especialmente na daśā (período) de tal graha.
Um ponto interessante,
citado na tradição helenística é de que quando um graha se encontra
combusto, mas domiciliado (ou mesmo exaltado), ele estaria “em sua carruagem”,
ou seja, protegido de efeitos mais adversos, assim como alguém é protegido da
influências dos raios solares quando viaja durante o dia dentro de uma carruagem.
(2) As orbes de combustão variam de um graha
para o outro. O Sūrya siddhānta indica as seguintes orbes: 17º, 14º, 11º, 8º e
15º para Marte, Mercúrio (12º quando retrógrado), Júpiter, Vênus e Saturno,
respectivamente. No entanto, na tradição do Hart de Fouw aprendi algo muito
interessante e válido: a combustão é significativa a partir de 10º, severa a
partir de 6º e muito severa a partir de 3º.
(3) Geralmente a combustão afeta mais os temas de
que o graha é kāraka, assim como a casa que o mesmo ocupa. A
menos que o graha esteja muito aflito, ele não irá negar os temas das
casas que rege no mapa[1].
(4) Sendo o Sol um graha quente, seco e de
uma luminosidade ofuscante, a sua influência tem a capacidade de inflamar e
separar tudo o que toca. É comum vermos pessoas com Vênus combusta viverem
divórcios ou sofrerem com a separação geográfica de quem amam. Quando Júpiter
está combusto, isso pode negar filhos ou afastar os mesmos, etc. Geralmente o
distanciamento que o Sol causa se dá devido ao egoísmo ou, sob sua melhor
expressão, em função de uma necessidade de individuação, de se ver livre de
dependências e referências externas que venham a obstruir o desenvolvimento
pessoal.
(5) Um graha que se encontre combusto, sob a influência de maléficos e de um graha inimigo é denominado kṣobhitā - agitado. Parāśara diz (45.24-29, BPHS) que os resultados que tal graha confere são aguda penúria, uma disposição cruel, misérias, fiascos financeiros, aflições aos pés e obstruções financeiras causadas pela ira do governo. Obviamente, a influência de um graha benéfico minimizará a severidade dos sofrimentos, os quais serão especialmente experimentados na daśā (período) do graha em kṣobhitā-avasthā.
(6) A depender das regências do Sol e do graha
combusto, bons yogas podem se formar entre ambos. Por exemplo, se o Sol
é regente de um koṇa e o graha combusto de um kendra,
ambos formarão um rāja yoga. No entanto, isso não nega algum tipo de
sofrimento ligado aos temas do graha combusto.
(7) Visto que o graha combusto está oculto
pelos raios do Sol, ele trará consigo uma influência velada. Por exemplo, se
tal graha significar uma doença, essa será de difícil diagnóstico.
Também vemos os grahas combustos representando aspectos individuais em
conflito e que o indivíduo tende a projetar sobre o mundo, ao invés de
enxergá-los em si mesmo.
(8) Os autores medievais da tradição ocidental de
astrologia consideravam que um graha conjunto ao Sol a uma distância de
no máximo 17’ estava protegido (muitos consideram uma orbe mais extensa, de 1º).
Esse tipo de conjunção é denominada cazimi, do arábico kaṣmīmī
que significa "no coração". Um graha em uma conjunção cazimi
teoricamente seria empoderado pela natureza solar. Minha (limitada) experiência prática
com o conceito, no entanto, mostra que estar tão próximo do Sol não nega aflições,
pelo contrário, elas costumam ser ainda mais severas. Mas algo interessante é que
as pessoas que possuem grahas a no máximo 1º de distância do Sol se
destacam justamente pelas características do graha em questão,
personificando-o.
(9) Deve-se notar que há diferenças entre uma
conjunção superior e uma conjunção inferior com o Sol. As conjunções inferiores
ocorrem com todos os grahas e envolve a posição dos mesmos atrás da
esfera solar. Já as conjunções superiores só se dão com Mercúrio e Vênus,
quando esses encontram-se entre a Terra e o Sol, ou seja, logo a frente do Sol
a partir do nosso ponto de vista terrestre. A conjunção inferior enfraquece
demais o graha, ao passo que a superior confere força ao mesmo. Vênus e
Mercúrio formam a conjunção superior ao Sol quando ocupam graus anteriores ao
mesmo.
Vejamos alguns
exemplos de combustão a partir do que foi mencionado acima:
Joseph Campbell
Gauraji, sobre a passagem a seguir, entao shukra e buddha ficam superiores qnd com grau menor que surya e dessa maneira estariam "iluminados" por trás??
ResponderExcluir"Deve-se notar que há diferenças entre uma conjunção superior e uma conjunção inferior com o Sol. As conjunções inferiores ocorrem com todos os grahas e envolve a posição dos mesmos atrás da esfera solar. Já as conjunções superiores só se dão com Mercúrio e Vênus, quando esses encontram-se entre a Terra e o Sol, ou seja, logo a frente do Sol a partir do nosso ponto de vista terrestre. A conjunção inferior enfraquece demais o graha, ao passo que a superior confere força ao mesmo. Vênus e Mercúrio formam a conjunção superior ao Sol quando ocupam graus anteriores ao mesmo."