Para
uma consulta ser bem sucedida, não basta o astrólogo ter muito
conhecimento. Nīlakanta, por exemplo, em seu Praśna tantra menciona que quando indivíduos grosseiros,
desprovidos de fé e que zombam dos śāstras
(escrituras), fazem perguntas a um astrólogo, mesmo que
o próprio Śiva responda suas perguntas, nada do que vier a ser dito se cumprirá.
Apenas alguém dotado de fé em Deus, mas que se sente infeliz e desafortunado é
uma pessoa apropriada para receber ajuda e predições precisas de um astrólogo.
Inclusive, se alguém vai até um astrólogo de mãos abanando, mesmo que esse seja
muito erudito, nada do que vier a prever se cumprirá.
Atitude
cética, de desafio, exploração ou curiosidade casual são todas condenadas nos jyotiṣa-śāstras. Uma pessoa só deve se
aproximar de um astrólogo para saber sobre o seu futuro se as suas questões
forem sinceras e, especialmente, se for a respeito de algo que está lhe
causando ansiedade. Além disso, ela deve oferecer algo ao astrólogo em troca de
seus serviços. Nos clássicos se diz que frutas, flores, dinheiro e roupas são
alguns dos itens que podem ser oferecidos a um astrólogo e eles devem ser
feitos de acordo com a situação material da pessoa em questão, sempre com uma
intenção apropriada. Ou seja, mesmo que uma pessoa seja muito abastada e dê
grandes quantias a um astrólogo, se a sua intenção não for sincera, nada do que
for dito se cumprirá, ao passo que uma pessoa humilde que oferece uma pequena
quantia, mas com a intenção apropriada receberá predições assertivas.
Um
tratado chamado Pañchatantra, inclusive, diz (5.96) que o sucesso de alguém com
um mantra, local sagrado, com um brāhmaṇa, uma divindade, doutor, guru e, inclusive com um astrólogo,
depende da fé depositada nesses. Isso, obviamente, não é desculpa para os
astrólogos não estudarem nem reverem seus métodos quando falham em uma
interpretação - pois inclusive é a sua dedicação que infunde fé nas pessoas -, mas mostra como o sucesso das predições é fruto de uma interação
muito mais ampla.
Já
no que se refere as qualificações de um astrólogo, os śāstras basicamente dizem que devemos nos consultar apenas com alguém que tem um
temperamento piedoso, mantém disciplina religiosa e que é versado no assunto. Um
astrólogo que tem vícios, é mal comportado, mentiroso, dado a criticar e a usar palavras desagradáveis, que
se mostra orgulhoso do pouco conhecimento que possui, é covarde, ganancioso, invejoso,
que não segue disciplina espiritual alguma, é glutão, derrotado pelas pessoas em geral, tem uma aparência desagradável e que não mantém fidelidade a
tradição deve ser rejeitado.
Além
desses fatores envolvendo o consulente e o astrólogo, mesmo o momento para se
consultar deve ser auspicioso, idealmente. Por exemplo, no Praśna mārga é dito
que os momentos adequados são aqueles que não possuem doṣas (gaṇḍānta, amāvāsyā, kṛṣṇa chaturdaśī, grahaṇa,
etc.), nos quais grahas benéficos
estão ascendendo no céu, Sūrya (Sol) ainda está visível e que coincidem com śubha muhūrtas (momentos auspiciosos),
ao passo que, dentre inúmeras situações, os momentos como Gulikodaya ou mesmo
quando Chandra (Lua) transita uśna e viśa nakṣatras são impróprios.
Em
suma, o sucesso com um astrólogo depende de muitos fatores, como o
conhecimento, talento e experiência do mesmo, a intenção do consulente, a
retribuição apropriada e também o próprio
momento no qual a questão é posta. Em
relação a esse último ponto, como ele depende de algum conhecimento prévio, a
maior parte das pessoas não está apta a observar essas regras. Logo, devem dar
ênfase àquilo que está ao seu alcance. Uma dica simples, inclusive, é
consultar-se apenas durante as segundas, quartas, quintas e sextas, idealmente na
quinzena do mês lunar onde a Lua ganha luz (śukla-pakṣa),
no período diurno, quando o dia se mostra agradável e a mente o mais tranquila
possível.
oṁ tat sat
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